Mercosul vê acordo Uruguai-China com ceticismo
set, 09, 2021 Postado porSylvia SchandertSemana202135
O Uruguai acaba de divulgar a abertura de tratativas com a China para um acordo bilateral de livre-comércio, sem os demais países do Mercosul, mas o anúncio não causou comoção em Brasília ou em Buenos Aires. Ninguém pretende fazer celeuma em torno do assunto e aposta geral é que nada de concreto deve ocorrer.
Uma flexibilização das regras do bloco para permitir negociações individuais por parte de seus sócios continua sobre a mesa, como uma bandeira do líder uruguaio Luis Lacalle Pou, mas ainda longe de consenso. Desde 2002 o Mercosul negocia unicamente em conjunto com parceiros comerciais de fora da região.
Até mesmo no governo brasileiro o tema é objeto de divergências. A equipe econômica apoia essa flexibilização e está convencida da necessidade de acelerar a abertura comercial. Se algum dos vizinhos não se sente à vontade para fechar e implementar novos acordos, tudo bem – mas que libere os demais para uma agenda de liberalização com maior velocidade, afirmam auxiliares de Paulo Guedes.
No Itamaraty, a visão é mais moderada. A chancelaria costuma lembrar que acordos individuais vão corroer a tarifa de importação comum (TEC) do bloco; que a união aduaneira é garantida por um tratado internacional (Protocolo de Ouro Preto) e eventual mudança exigiria denúncia formal; que não há hoje, na prática, nenhum grande parceiro comercial (Estados Unidos, China, Japão, Reino Unido) suplicando por negociações com o Mercosul ou com o Brasil isoladamente.
Fonte: Valor Econômico
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