“Commoditização” já domina exportações até em SP
jan, 07, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202201
O processo de “commoditização” das exportações avança sobre o mapa do Brasil. Em todas as regiões do país, produtos ligados ao agronegócio ou à indústria extrativista terminaram o ano dominando a pauta de vendas ao exterior.
A soja tornou-se campeã de embarques em dez Estados, petróleo bruto ou derivados estão na liderança em três unidades federativas e o minério de ferro agora é a principal mercadoria exportada em outras três.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a fatia da indústria de transformação nas exportações brasileiras encolheu de 63% em 2010 para 51,3% em 2021. Essa categoria também abrange produtos do agronegócio que passam por algum tipo de processamento industrial, como carnes, celulose e açúcar refinado.
Até São Paulo, o Estado mais industrializado do país, tem sua pauta de exportações liderada por commodities. Açúcar (US$ 5,6 bilhões no ano passado) e petróleo bruto (US$ 4,3 bilhões) – cuja produção disparou nos últimos anos por causa do pré-sal – são os dois bens mais vendidos ao exterior. As aeronaves da Embraer, primeiro item puramente da indústria, vêm depois e contribuíram com US$ 2,3 bilhões.
No Paraná, os automóveis de passageiros – que aparecem na frente entre os bens manufaturados fora do agro ou do extrativismo – são apenas o oitavo produto mais exportado. Também em oitavo estão os calçados no Rio Grande do Sul. Os dois Estados tiveram soja em grãos como mercadoria de destaque em 2021.
Para o economista Paulo Gala, professor da Escola de Economia da FGV-SP, a “commoditização” do mapa brasileiro permite duas reflexões. Primeira: nenhum Estado consegue ter pauta exportadora suficientemente sofisticada para ter produtos com alta densidade tecnológica – e não grãos, petróleo ou minérios – como campeões de vendas. Segunda: a indústria nacional é predominantemente voltada para o mercado interno e ainda carece de maior competitividade global.
Na avaliação dele, apenas algumas microrregiões do país – cidades como Campinas (SP), Piracicaba (SP), Caxias do Sul (RS) e Betim (MG) – conseguiram transformar-se em “ilhas” de inovação e produtividade, com indústrias de ponta. Não à toa, completa, estão entre os municípios com maior renda per capita.
“Só alguns polos têm indústrias sofisticadas voltadas à exportação, puxando a economia local, mas esses polos não chegam a dominar nenhum Estado inteiro”, diz Gala. “O que traz emprego, renda, queda da desigualdade é a produção de bens complexos. Eles demandam pesquisa e desenvolvimento, tecnologia, patentes. Embraer, WEG e Marcopolo são contraexemplos da nossa atual incapacidade de inserção comercial no mundo.”
Fonte: Valor Econômico
Para ler o artigo original completo acesse:
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2022/01/07/commodities-ja-dominam-exportacoes-ate-em-sp.ghtml
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