Operação da Maersk em Suape fará porto perder parte da receita hoje paga pelo Tecon Suape ao governo
out, 26, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202343
Com a entrada em 2027 das operações do Terminal de Uso Privativo (TUP) da gigante Maersk, em Suape, portanto no início do mandato do futuro governador ou de um eventual segundo governo de Raquel Lyra, o Complexo Portuário de Suape terá que administrar um problema estratégico nas suas finanças: a perda de parte de suas receitas vindas do Tecon Suape.
Explica-se: Atualmente, e aos menos, até 2030 quando se encerra a concessão de 30 anos do governo do estado (controlador do complexo) ao grupo filipino ISTSI, seis de cada quatro reais que Suape fatura vem das taxas que a empresa paga pelo direito de operar o terminal de contêineres. Elas foram de R$ 233,33 milhões num faturamento de R$ 359,32 milhoes do Porto de Suape em 2022.
Com a entrada do TUP Maersk ao menos 40% das receitas do Tecon Suape deverão ser eliminadas já que o objetivo da companhia controladora do futuro TUP é sair da dependência do terminal controlado pela ICTSI e ampliar sua movimentação com a movimentação de mais cofres de cargas, inclusive com o direcionado de mais linhas de longo curso para o porto pernambucano.
Com menos contêineres e, portanto, menos receitas o Tecon Suape reduzirá os pagamentos a Suape criando a necessidade do porto de reorganizar suas contas mesmo que nos últimos as receitas advindas da movimentação de combustíveis e das demais operações estejam em crescimento.
O gráfico abaixo, desenvolvido com dados do DataLiner, mostra as importações e exportações de contêineres no Porto de Suape entre janeiro de 2019 e agosto de 2023. Confira mais abaixo:
Exportação e Importação – Porto de Suape | Jan 2019 – Ago 2023 | TEU
Exports & Imports - Suape Port | Jan 2019 - Aug 2023 | TEU
wdt_ID | Period | Exp | Imp |
---|---|---|---|
1 | 201901 | 987 | 5.640 |
2 | 201902 | 818 | 5.774 |
3 | 201903 | 1.000 | 5.333 |
4 | 201904 | 966 | 5.800 |
5 | 201905 | 1.503 | 6.418 |
6 | 201906 | 1.499 | 5.647 |
7 | 201907 | 868 | 6.582 |
8 | 201908 | 1.461 | 7.864 |
9 | 201909 | 1.271 | 6.242 |
10 | 201910 | 1.214 | 7.346 |
Period | Exp | Imp |
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
REORGANIZAÇÃO
Como até que o primeiro navio da Maersk atraque no cais do futuro TUP de Suape existe tempo para que Suape se organize é possível que seja possível encontrar um substituto para a perda de parte das receitas. Mas a perda de parte do que recebe hoje de seu maior cliente é um desafio que já se coloca a partir do momento em que a Maersk confirma a decisão de construir o seu novo terminal.
A situação de dependência financeira de porto pernambucano do Tecon Suape foi crescendo à medida em que os estágios previstos no contrato de concessão assinado em 2001 no governo Jarbas Vasconcelos foi assinado e que determina que após cada 10 anos, o valor das taxas de arrendamento dobrem.
Foi o que aconteceu em 2012 e deveria ter acontecido em 2022 quando a empresa pediu e obteve na justiça o direito de não dobrar suas taxas no terceiro nível de recolhimento o que poderia tornar o custo de um contêiner no porto pernambucano inviável no mercado.
Ou seja: o Tecon Suape está recolhendo percentualmente as mesmas receitas que começou a pagar em 2012. O governo do estado não recorreu da decisão por também concordar com a tese da empresa.
Mas isso não resolveu o problema. Movimentar um contêiner em Suape continua custando caro sem que o cliente possa buscar outro porto já que com isso ele teria que pagar o custo do deslocamento até os ortos de Pecém e Salvador.
Esse cenário ajuda a entender por que o maior volume de cargas que Suape movimenta não é deslocado para portos concorrentes. Na prática, Suape, Pecém e Salvador não são concorrentes porque todos tem um raio de influência de 300 quilômetros a partir de seu cais.
Assim, na operação real, apenas as cargas geradas em pontos fora desse raio podem migrar de um porto para outro. Esse é o caso de frutas produzidas no Vale de São Francisco cujo embarque oscila entre os três portos. E o cliente não tem margem de mudança se estiver dentro do raio de influência dos três portos.
O que diferencia é a rentabilidade de cada um desses operadores é sua rentabilidade uma vez que as diferenças de taxas finais para movimentar o contêiner não passam de 10% de Suape para Pecém ou de Suape para Salvador.
A tese de um TUP que não está obrigado a pagar o que a ICTSI paga é que o Tecon Suape seja obrigado a reduzir suas taxas embora ainda não se saiba como poderá fazer isso com as suas obrigações com o porto de Suape. Mas essa será uma decisão que apenas o próximo governador terá de tomar.
Por Fernando Castilho – JC Negócios
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