Navio que atingiu ponte em Baltimore passou por duas falhas elétricas antes do acidente

O navio de carga Dali, que colidiu com a ponte Key em Baltimore em março, sofreu duas falhas elétricas minutos antes do acidente e havia passado por dois apagões um dia antes, de acordo com um relatório preliminar divulgado nesta terça-feira (14 de março) pelo National Transportation Safety Board (NTSB).

O documento de 24 páginas detalha as primeiras conclusões dos investigadores sobre o desastre ocorrido em 26 de março, que derrubou a estrutura de aço de 2,6 quilômetros de extensão, resultando na morte de seis trabalhadores da construção civil na ponte e interrompendo o acesso a rotas marítimas cruciais para o Porto de Baltimore.

Segundo o relatório, os dois apagões ocorreram a três comprimentos de navio da ponte e foram desencadeados pelo disparo de dois disjuntores críticos, o que fez com que várias bombas necessárias para o funcionamento do único hélice e do leme do navio parassem de funcionar. O gerador de emergência não estava configurado para alimentar o navio, apontou o relatório.

No momento da falha, o navio estava sob o controle de um piloto aprendiz, acompanhado por um piloto sênior. Quando os pilotos embarcaram, o capitão relatou que o navio estava em boas condições de funcionamento, conforme o relatório.

Os investigadores do NTSB informaram que os membros da tripulação testaram negativo para drogas e álcool, e o combustível testou negativo para contaminantes em três ocasiões.

Cerca de 10 horas antes, enquanto o navio ainda estava atracado no Porto de Baltimore, ele sofreu dois apagões a bordo, um causado por um erro da tripulação, de acordo com o relatório.

“O NTSB ainda está investigando a configuração elétrica após o primeiro apagão no porto e os possíveis impactos nos eventos durante a viagem do acidente”, diz o relatório.

O FBI e a Guarda Costeira estão investigando se a tripulação falhou em relatar o apagão no porto como parte de uma investigação criminal, segundo um oficial dos EUA familiarizado com o assunto.

Um relatório preliminar do NTSB não conclui uma causa provável. Essas conclusões farão parte de um relatório final que pode levar até dois anos para ser concluído.

O relatório destaca várias áreas que ainda estão sendo investigadas, incluindo “o design e a operação do sistema de distribuição de energia do Dali (incluindo seus disjuntores)”.

O relatório levou 49 dias para ser publicado, mais do que o mês típico que os investigadores da agência levam para divulgar tais documentos.

Em 15 de maio, a presidente do NTSB, Jennifer Homendy, testemunhou sobre o colapso da ponte perante o Comitê de Transporte e Infraestrutura da Câmara dos Deputados. Outras testemunhas incluem oficiais da Guarda Costeira dos EUA e do Corpo de Engenheiros do Exército.

O navio, pesando cerca de 213 milhões de libras, perdeu energia do motor e elétrica pouco antes de atingir a ponte, segundo autoridades. Imagens de vídeo momentos antes do acidente mostraram nuvens de fumaça preta saindo da embarcação, bem como as luzes piscando, provavelmente devido à ativação de um gerador de emergência após um apagão inicial.

Seis trabalhadores da construção civil que estavam preenchendo buracos na ponte morreram no desastre. As vítimas eram imigrantes de El Salvador, México, Guatemala e Honduras, que trabalhavam para sustentar suas famílias.

O relatório preliminar do National Transportation Safety Board (NTSB) sobre o acidente envolvendo o navio de carga Dali e a ponte Key em Baltimore revelou as experiências quase catastróficas vividas por um tripulante do navio e um inspetor de manutenção rodoviária que estavam presentes durante o desastre.

O tripulante estava na proa do navio no momento da colisão. “Ele relatou aos investigadores que, ao soltar o freio da âncora de bombordo, teve que escapar da ponte em queda antes de poder reaplicar o freio”, afirma o relatório.

O inspetor de manutenção rodoviária estava percorrendo o vão da ponte quando o navio colidiu. “Ele correu para o norte e conseguiu alcançar o vão sobrevivente mais próximo antes que o restante da ponte desabasse”, detalha o relatório.

O colapso da ponte causou um estrangulamento significativo na infraestrutura regional. Os destroços da ponte obstruíram o porto, um canal vital para o transporte das indústrias açucareira e automotiva. Além disso, a Key Bridge era uma via essencial, com 30.000 passageiros dependentes dela diariamente, conforme destacou o governador de Maryland, Wes Moore.

As autoridades prometeram a reconstrução da ponte, embora o custo exato ainda não tenha sido definido. Um porta-voz do Insurance Information Institute estimou que a substituição da ponte poderia custar mais de US$ 1,2 bilhão.

O presidente Joe Biden declarou seu compromisso em ajudar na rápida reconstrução da ponte, afirmando que o governo federal cobrirá os custos necessários.

Diversas investigações estão em andamento para determinar os responsáveis pela catástrofe. No mês passado, o prefeito de Baltimore, Brandon Scott, anunciou uma investigação “para responsabilizar os culpados e mitigar os danos imediatos e de longo prazo” aos residentes.

O proprietário do navio, Grace Ocean Private Limited, com sede em Singapura, e o gerente Synergy Marine PTE LTD, apresentaram uma petição ao tribunal federal no mês passado solicitando um limite de US$ 43,6 milhões para possíveis pagamentos de responsabilidades.

A cidade de Baltimore pediu ao tribunal que negasse a petição. Também entrou com uma ação judicial contra a Grace Ocean e a Synergy Marine, acusando ambas as empresas de manterem uma “tripulação incompetente” a bordo do Dali, que carecia de habilidades e treinamentos adequados.

Darrell Wilson, porta-voz do proprietário e administrador do navio, recusou-se a comentar à CNN “por respeito às investigações em curso e a quaisquer procedimentos legais futuros”.

Fonte: CNN

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