Frutas: Brasil produz muito, mas exporta pouco
maio, 31, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202422
O Brasil cultiva muitas frutas, mas exporta pouco em comparação à sua produção. De acordo com a diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, em 2023 foi exportado US$ 1,256 bilhão.
“É um bom valor, mas é um valor muito baixo considerando-se o tamanho da produção agropecuária brasileira. Exportamos cerca de 2,7% da nossa produção de frutas. Isso é muito pouco dada a nossa diversidade e o tamanho, o volume da nossa produção. Há espaço para ampliar as vendas”, afirma.
Em maio, a ANBA e veículos de comunicação da China, Itália, Brasil, Argentina, Alemanha e Inglaterra participaram de uma viagem ao Vale do Rio São Francisco, região do semiárido brasileiro que produz, graças à irrigação proporcionada pelo rio, culturas frutíferas, sobretudo mangas e uvas. A convite da CNA, os veículos conheceram as empresas e as pessoas que produzem e exportam frutas, sucos e até vinhos a partir de fazendas na Bahia e em Pernambuco. Mori participou da viagem.
Dados da própria CNA mostram que os países do Oriente Médio importaram US$ 19,7 milhões do Brasil no ano passado. Apenas os Emirados Árabes Unidos importaram US$ 12,8 milhões, seguidos por Arábia Saudita (US$ 2,8 milhões), Israel (US$ 1,38 milhão) e Kuwait (US$ 1,2 milhão), além de, em menor escala, Catar, Omã, Líbano, Chipre, Bahrein e Jordânia. Desses, apenas Israel e Chipre não são árabes.
Esses dados incluem frutas frescas, secas e conservas e preparações. Maçã é a principal fruta exportada em um ranking que conta, também, com melão, limão, uva, manga, melancia, figo e mamão, entre outras.
O gráfico abaixo mostra as exportações de frutas em contêineres do Brasil de janeiro de 2021 a abril de 2024. Os dados são do serviço pioneiro de inteligência marítima da Datamar, DataLiner.
Exportação de frutas em contêineres | Janeiro de 2021 – Abril de 2024 | TEUS
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Desafio para exportação de frutas
A diretora da CNA cita, contudo, alguns entraves que precisam ser superados para ampliar a exportação de frutas. Concorrência com países produtores que estão perto de consumidores é um deles. Manga é produzida pela Costa do Marfim, nação africana mais próxima dos árabes. Já o Peru exporta a fruta nos últimos meses do ano a um custo menor do que o brasileiro.
Outro desafio é a logística. O tempo de viagem de navio de uma fruta do Brasil até os Emirados Árabes pode passar de 40 dias. Como não há rotas de navegação diretas entre os dois países, a troca das frutas de navio em portos europeus pode afetar a qualidade delas. Mangas, por exemplo, não suportam 40 dias entre a colheita e o consumo. A solução é a exportação por via área, a partir de São Paulo. Desta forma, o custo sobe.
“No caso de frutas, tem essa particularidade e tem uma outra que é a abertura de mercados e a negociação do protocolo fitossanitário. Então, no caso de frutas frescas, os países precisam acordar entre eles os protocolos. Alguns têm regras mais próximas do Brasil, outros não”, diz.
Do sertão para Emirados, Kuwait…
Uma das empresas instaladas nas fazendas de Casa Nova, na Bahia, é a GrandValle, fundada por Gilberto Secchi e hoje administrada também pelos integrantes da segunda geração da sua família. A sede, na entrada da fazenda, é construída e decorada com elementos e métodos tradicionais do sertão, como o barro e a taipa de pilão, uma técnica que usa terra compactada.
De lá, segue-se para diversos cultivos de frutas. Além de serem vendidas no Brasil e exportadas, compõem outros negócios da empresa: ovinos e caprinos de corte são alimentados, entre outros, com farelo de uva. A captação da água que irriga a lavoura é feita diretamente no Rio São Francisco, que margeia a propriedade. “Parece que temos água em abundância, mas não é assim. Só usamos a água que consumimos”, diz a diretora-geral da GrandValle, Lara Secchi.
É dessa propriedade que partem frutas para diversos países, mas não para alguns justamente pela falta de acordo fitossanitário indicada pela diretora da CNA. Gerente de Logística da GrandValle, Guilherme Secchi explica que antes de iniciar a prospecção de negócios com clientes de um país a empresa pesquisa no Ministério da Agricultura e Pecuária se existem acordos para a exportação de frutas para aquele mercado.
“Se não tem [acordo], não adianta seguir porque não conseguiremos exportar”, diz Guilherme. “Clientes do Marrocos já demonstraram interesse, quiseram comprar, mas não pudemos por este motivo”, afirma. “Hoje exportamos para Kuwait e Emirados, mas não é um processo regular. São exportações a partir de Guarulhos, por carga aérea que segue para Dubai”, diz Guilherme. De avião, as frutas levam em torno de quatro dias para chegar ao consumidor.
As oportunidades que existem
A diretora da CNA afirma que existem oportunidades de se expandir as vendas para os países do Norte da África e do Oriente Médio. São regiões que têm dificuldades de desenvolver a própria produção de frutas devido às condições climáticas e de solo. Tamanho desafio faz com que alguns países dessas regiões tenham políticas públicas para importar alimentos para garantir a sua segurança alimentar.
“É um grande mercado o do Norte da África e o do Oriente Médio. No caso dos Emirados, além de tudo, oferecem diversas facilidades. Também é [uma] região onde alguns países possuem política de segurança alimentar e encaram a questão de segurança alimentar com seriedade muito grande. Com isso, geram facilidades para importação dos produtos, especialmente os que não produzem internamente”, diz Mori.
Fonte: ANBA
Clique aqui para ler o teto original: https://anba.com.br/frutas-brasil-produz-muito-mas-exporta-pouco/
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