Exportação de carne dos EUA enfrenta restrições chinesas e competição brasileira
jul, 22, 2024 Postado porGabriel MalheirosSemana202410
As exportações de carne dos EUA estão enfrentando dificuldades, afetadas pelas restrições no maior mercado consumidor do mundo, pela desaceleração da demanda externa e pela crescente concorrência com o Brasil.
Em maio, as exportações de carne bovina dos EUA caíram 0,2% em relação a abril e 2,9% em relação ao mesmo período do ano passado. As exportações portuárias também caíram 10,9% em relação a abril, ficando 5,7% abaixo do ano anterior.
Apesar disso, as exportações de carne suína aumentaram 6% nos primeiros cinco meses do ano, enquanto a tonelagem exportada de carne bovina diminuiu 4,9%.
“O mercado está relativamente fraco neste momento”, afirmou Jean-Paul Weber, vice-presidente sênior de vendas da PCC Logistics, que opera em cinco locais na costa oeste dos EUA.
A demanda em Taiwan e na Coreia se manteve sólida, enquanto o tráfego para o Japão diminuiu devido à queda do iene, que chegou a 161 ienes por dólar, explicou Weber.
A China, que se tornou o maior importador global de carne bovina em 2019 e o terceiro maior mercado para as exportações de carne bovina dos EUA, reduziu suas compras.
“A carne bovina ainda é exportada para a China, mas em menores quantidades”, relatou Weber.
Diante da deterioração das condições econômicas, os consumidores chineses passaram a optar por carnes mais baratas, incluindo intestinos e vísceras, o que manteve as exportações de carne suína relativamente estáveis, observou ele.
Uma tarifa de 20% sobre as importações de carne suína dos EUA para a China complicou ainda mais a situação para os exportadores americanos. Eles agora observam a disputa comercial entre Pequim e a União Europeia, que levou a China a iniciar uma investigação anti-dumping sobre a carne suína europeia.
As exportações de aves dos EUA para a China também têm sido prejudicadas por proibições de importação para evitar a propagação da gripe aviária desde 2022. A mais recente proibição ocorreu em abril, quando Hong Kong proibiu a carne e os produtos avícolas (incluindo ovos) do Michigan e do Texas.
Em maio, os exportadores dos EUA enfrentaram novas proibições de carne provenientes de um terminal refrigerado no porto de Oakland e de uma fábrica de processamento de carne bovina no Colorado, após inspetores chineses detectarem vestígios de um aditivo alimentar proibido.
Brandon McDonnell, COO da PCC Logistics, destacou que as proibições foram implementadas no mesmo dia em que Pequim suspendeu restrições a cinco processadores de carne australianos que estavam fora da lista há quatro anos. Embora as relações entre Pequim e Washington estejam tensas, a China e a Austrália têm melhorado suas relações desde que um novo governo assumiu o poder em Camberra em 2022.
As estatísticas comerciais mostram tendências divergentes nessas rotas comerciais. As exportações de carne bovina dos EUA para a China diminuíram no ano passado, totalizando 166 mil toneladas, abaixo das 192 mil toneladas do ano anterior. Por outro lado, os embarques de carne bovina australiana para a China aumentaram de 185 mil toneladas em 2022 para 228 mil no ano passado. As importações chinesas de carne bovina da Austrália caíram 26% nos primeiros quatro meses deste ano, enquanto as exportações de carne bovina dos EUA aumentaram 7%. No geral, as importações de carne bovina da China caíram 18% no período.
No entanto, uma preocupação maior para os exportadores dos EUA é o Brasil, que viu suas exportações de carne bovina dispararem 27% no primeiro semestre deste ano, atingindo um novo recorde.
O tráfego para a China, principal mercado, subiu 10,2%. Os Emirados Árabes Unidos subiram para o segundo lugar, com um aumento de 238%, e as exportações para os EUA, em terceiro lugar, aumentaram 19,7%.
O gráfico abaixo compara os embarques de carne bovina do Brasil registrados entre janeiro e maio de 2021 até os meses equivalentes em 2024. As informações apresentadas abaixo vêm do serviço de inteligência de negócios de alto nível da Datamar, DataLiner.
Exportações de carne bovina para China | Janeiro-maio 2021 a janeiro-maio 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Weber observou que o Brasil está se tornando uma força a ser reconhecida, acrescentando: “Sempre foi forte em carne bovina e aves”.
As atividades de transbordo de proteínas da PCC não foram afetadas pelas recentes proibições à carne bovina, mas estão sentindo o impacto de uma tendência crescente entre os exportadores de carne de carregar seus produtos em contêineres marítimos na origem.
“Isso permite que os exportadores evitem o transbordo para contêineres de exportação nos portos”, explicou Weber. Em parte, essa tendência reflete o fato de que as transportadoras têm capacidade adicional para transportar caixas vazias para o interior do país.
Isso contrasta fortemente com a situação em 2022, quando as transportadoras lutavam para obter contêineres. No geral, a maioria dos exportadores provavelmente preferiria ver uma demanda crescente na Ásia e menos obstáculos regulatórios às exportações.
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