Seca reduz produção de milho no Brasil
ago, 27, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202434
Embora a segunda safra de milho, conhecida como “safrinha”, tenha superado as expectativas em algumas regiões do Brasil, como Mato Grosso, o mesmo não pode ser dito para outras áreas-chave de produção de milho. Em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, as etapas finais da colheita mostraram rendimentos abaixo das expectativas para a safra 2023/24, que foi severamente impactada por secas prolongadas.
Como resultado, a safrinha, que representa a maior parte da colheita de milho do Brasil, deve fechar a safra 2023/24 com uma queda de 11,8%, passando de 102 milhões de toneladas na safra 2022/23 para 90,28 milhões de toneladas, de acordo com a última projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Esse número reflete uma diminuição de 7,2% na produtividade em todo o país.
Em Mato Grosso do Sul, a CONAB estima uma queda de 36% na colheita. Em São Paulo, a agência estatal projeta uma perda de 23% em relação à safra anterior, e no Paraná, espera-se uma diminuição de 12%.
Larissa Petcov Lucio de Oliveira, uma agricultora que plantou 315 alqueires (1.525 hectares ou 778 acres) de milho na segunda safra em Buri, São Paulo, está entre aqueles cujas lavouras foram afetadas. Ela disse que a baixa precipitação durante o período crucial para o desenvolvimento da cultura provavelmente resultará em uma queda de 40% na produtividade.
“Houve falta de chuva durante a fase crítica do milho, a fase de enchimento do grão. Entre fevereiro e maio, quando a cultura precisava de 500 milímetros de chuva, recebemos apenas 300”, explicou.
A precipitação inadequada desorganizou todo o planejamento para a sua segunda safra, que também inclui trigo em sua propriedade. “Devido a esse período seco prolongado, não consegui plantar o trigo adequadamente. Tivemos algumas chuvas tardias, mas o ciclo do trigo está severamente atrasado. Não sei ainda se vou colher ou deixar no campo para adubação do solo”, acrescentou.
Ela também observou que, se a cultura permanecer no campo por muito mais tempo, isso pode afetar negativamente a colheita de soja 2024/25.
O gráfico a seguir usa dados derivados do DataLiner para mostrar a progressão mês a mês dos embarques de milho do Brasil entre janeiro de 2021 e junho de 2024. Demonstração disponível mediante solicitação por meio do link abaixo.
Volume de Exportação de Milho | Jan 2021 – Jun 2024 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Em Mato Grosso do Sul, as mesmas condições climáticas foram decisivas para as perdas observadas na safrinha de milho. “Começamos a plantar em condições secas e a seca persistiu durante todo o ciclo. Foi uma safra com pouca umidade”, disse Angelo Ximenes, presidente do sindicato rural de Dourados.
Devido ao clima adverso, a colheita na região de Dourados rendeu cerca de 50 sacas por hectare, bem abaixo da expectativa do sindicato de 100 sacas.
O clima severo levou a Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (FAMASUL) a reduzir sua estimativa de produção de milho para o estado. Inicialmente projetada em 11,48 milhões de toneladas, a previsão foi reduzida para 9,3 milhões de toneladas na última revisão. Esse número é 34,7% menor do que a colheita 2022/23.
No Paraná, Edmar Gervasio, analista da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (DERAL), estima uma perda de 15% na produção de milho safrinha. “Houve um ciclo de seca e calor intenso, especialmente no noroeste e oeste do estado no início da safra, o que levou à redução da produção”, explicou o Sr. Gervasio.
De acordo com Ana Paula Kowalski, especialista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), as perdas de produção em algumas regiões chegaram a 29%. “As regiões do norte pioneiro, noroeste, norte-central e extremo-oeste foram significativamente afetadas pela falta de chuva”, disse ela.
Ela também antecipa uma redução na área de plantio de milho de verão, com a soja substituindo o milho devido ao aumento dos custos de produção, embora não tenha fornecido números específicos.
A menor colheita de milho safrinha nessas regiões ajudou a limitar a queda dos preços, que têm sido pressionados para baixo devido às ofertas robustas em Mato Grosso e Goiás. “O fracasso da colheita ajudou a amortecer o impacto da colheita nos preços. Nessas regiões, onde a produção foi menor, a queda nos preços foi muito menos pronunciada”, disse Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado.
Ronaldo Fernandes, da Royal Rural, acrescentou que, apesar da menor produção nesses três estados, o mercado interno está pressionado devido ao aumento das colheitas em outras regiões. “Além de Mato Grosso, vimos uma produção relativamente maior no Norte e no Nordeste, que devem produzir 12,3 milhões de toneladas este ano”, disse ele.
Fonte: Valor Internacional; acesse o texto original aqui: https://valorinternational.globo.com/agribusiness/news/2024/08/23/drought-reduces-corn-yields-in-brazil.ghtml
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