Setor do café recorre à tecnologia para atender à lei anti-desmatamento
nov, 04, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202442
O Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) está liderando uma iniciativa para desenvolver uma tecnologia de georreferenciamento capaz de localizar áreas com precisão de até 50 centímetros, fornecendo provas robustas de origem para o café brasileiro. Esse nível de precisão permitirá um mapeamento abrangente das propriedades cafeeiras do país, ajudando a atender aos requisitos do regulamento anti-desmatamento da União Europeia, o EUDR.
O gráfico fornece uma visão geral das exportações brasileiras de grãos de café em contêineres. As informações vêm dos dados DataLiner da Datamar.
Exportações Brasileiras de Café | Jan 2021 – Set 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Embora a tecnologia tenha sido projetada para a indústria do café, ela poderá ser adaptada posteriormente para outras commodities.
O Cecafé supervisionará o projeto de R$6,5 milhões, aguardando a aprovação final do Ministério da Agricultura para alocar recursos discricionários do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para 2024.
Até a última atualização, o Cecafé estava aguardando a resposta do ministério. Marcos Matos, CEO do Cecafé, observou que a cadeia produtiva do café e o Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) já aprovaram o uso desses fundos.
Atualmente, os recursos discricionários do Funcafé totalizam R$11 milhões, com R$4,5 milhões destinados à promoção do café brasileiro.
A Universidade Federal de Lavras (UFLA) colaborará no projeto, com potencial envolvimento do setor privado à medida que ele avança.
Matos enfatizou a urgência de obter a autorização do ministério para garantir que os fundos sejam alocados até o final do ano.
Se o projeto for bem-sucedido, o Brasil terá uma tecnologia mais avançada do que os sistemas baseados em inteligência artificial atualmente utilizados na União Europeia.
Países produtores criticaram a tecnologia existente, e o Cecafé argumenta que ela representa uma falha técnica significativa na lei anti-desmatamento da UE, pois carece da precisão necessária para rastrear com confiabilidade as origens dos produtos.
Matos observa que a nova tecnologia do Brasil pode destacar lacunas nos padrões da UE, que não se aplicam de maneira uniforme entre diferentes culturas, seja no Brasil ou em Uganda.
Esses argumentos estão pressionando o Parlamento Europeu, que deve votar uma proposta para adiar a implementação da Lei Anti-desmatamento da UE em sua próxima sessão, nos dias 13 e 14 de novembro.
De acordo com o Cecafé, o sentimento internacional sugere que o Parlamento pode ceder, principalmente devido à pressão da Alemanha, o membro da UE com mais assentos. A Associação Alemã do Café, após consultar parlamentares alemães, confirmou a posição da Alemanha a favor de um adiamento.
Empresas como Nespresso e Lavazza também expressaram apoio ao adiamento da aplicação, acrescenta Matos.
Luis Rua, Secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura do Brasil, evitou especular sobre possíveis emendas ao EUDR. Para o Secretário Rua, o foco deve ser ouvir os stakeholders da indústria e analisar de perto os requisitos específicos da UE.
“Muitas cadeias de suprimento globais dependem atualmente da União Europeia como um mercado chave, e sem recursos tecnológicos e humanos suficientes, elas correm o risco de desaparecer,” diz ele. Enquanto isso, os setores brasileiros estão cautelosamente otimistas quanto a uma possível ampliação de sua participação no mercado, se cumprirem totalmente as regras, especialmente à medida que alguns concorrentes podem não fazê-lo.
Fonte: Valor Internacional
Clique aqui para ler o texto original: https://valorinternational.globo.com/agribusiness/news/2024/11/01/coffee-sector-turns-to-tech-to-meet-anti-deforestation-law.ghtml
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