Grãos

Pistache até na esfiha? Consumo cresce, importações triplicam, e Embrapa trabalha para produção nacional

jan, 14, 2025 Postado porDenise Vilera

Semana202503

Antes restrito a um público específico, o pistache conquistou de vez os brasileiros, aparecendo em sobremesas como sorvetes e cheesecakes, e até em receitas inusitadas, como esfirras e pães de queijo. A febre pelo ingrediente virou meme e impactou o mercado: as importações do produto triplicaram desde 2022, passando de 350 toneladas para 1.000 toneladas em 2024.

Por que não produzir pistache no Brasil?

Apesar do consumo crescente, 100% do pistache disponível no mercado brasileiro é importado. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) está trabalhando para mudar esse cenário, com planos para iniciar um cultivo-piloto no Ceará em 2027.

Ainda no primeiro semestre de 2025, a Embrapa Agroindústria Tropical apresentará um planejamento detalhado à Federação de Agricultura e Pecuária do Ceará para a “tropicalização do pistache”. Após aprovação, a federação buscará recursos para financiar o projeto.

EUA: o maior produtor e fornecedor

O plano da Embrapa inclui uma parceria com o Centro de Pesquisa de Frutas Nozes da Universidade da Califórnia, referência mundial no cultivo de pistache. Atualmente, os EUA são responsáveis por 63% da produção global, resultado de um século de pesquisa que adaptou a planta ao clima californiano.

O desafio brasileiro, no entanto, é ainda maior. Segundo Gustavo Saavedra, chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, será necessário um trabalho de 10 a 15 anos para desenvolver variedades adaptadas aos trópicos cearenses. Isso inclui superar questões burocráticas, como a obtenção de material genético dos EUA e sua aprovação pelo Ministério da Agricultura, além de desafios agronômicos, como ajustar as necessidades da planta para dias frios e entender o processo de floração.

— Se tudo correr conforme o esperado, o Brasil poderá colher pistache entre 2035 e 2040 — projeta Saavedra.

Um mercado em expansão

A explosão do consumo de pistache não passou despercebida no mercado internacional. David Maganã, analista do Rabobank, destaca que o sucesso dos EUA no cultivo impulsionou uma estratégia de diversificação de exportações, com foco na América Latina.

— O Brasil nunca consumiu tanto pistache como agora — afirma Maganã.

Criatividade na gastronomia

A versatilidade do pistache, com sabor que se adapta a receitas doces e salgadas e uma cor vibrante, tem inspirado chefs e confeiteiros. Alexandre Martins, engenheiro de alimentos e responsável pela produção da rede de confeitaria Ofner, afirma que o ingrediente é paixão nacional:

— As pessoas estão encantadas. O pistache traz sofisticação e um apelo visual que valoriza as receitas.

Desde o “Festival do Pistache”, lançado em 2024, a Ofner incluiu mais de dez itens no cardápio, como gelatos, brigadeiros e até pão de queijo com pistache. Para a Páscoa de 2025, a rede prepara um ovo de chocolate ao leite com pedaços e bombons crocantes de pistache.

Redes de fast-food também entraram na onda. O Habib’s lançou uma esfiha de pistache, e o Bob’s apostou em um creme de pistache semelhante a um milkshake. Mesmo com o preço elevado — cerca de R$ 220 por quilo —, o pistache ganhou espaço na mesa dos brasileiros, provando que é possível aliar sofisticação e criatividade ao paladar popular.

Fonte: O Globo

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