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Café

Exportação recorde de café levanta dúvidas sobre dados da Conab; produtores de arroz também questionam estimativas

jan, 17, 2025 Postado porDenise Vilera

Semana202503

O Brasil encerrou 2024 com um recorde histórico de exportação de café: 50,443 milhões de sacas de 60 kg. O volume exportado se aproximou da produção estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que previu 54,8 milhões de sacas para a safra do ano, gerando questionamentos no setor.

Dirigentes do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) destacaram que, historicamente, as estimativas da Conab para a safra brasileira — maior produtora e exportadora mundial de café — são mais conservadoras do que as divulgadas por consultorias e instituições como o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

A situação reacendeu o debate sobre a acurácia dos números oficiais. Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, enfatizou a discrepância entre a produção estimada e o potencial exportador:

“Uma projeção de produção de 54 milhões de sacas e exportações que poderiam ter atingido 52 milhões, considerando os 1,6 milhão de sacas retidas por gargalos logísticos, nos leva a concluir que ou não estamos consumindo nada internamente ou que os números da Conab estão errados.”

Heron lembrou que o Brasil é o segundo maior consumidor mundial de café, com demanda doméstica de cerca de 20 milhões de sacas anuais, o que reforça a necessidade de revisão das estimativas.

Problemas históricos e busca por soluções

O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, apontou que divergências nos levantamentos de safra não são novidade. Ele citou uma análise da Conab que indicou um déficit acumulado de 103 milhões de sacas entre 2000 e 2020, considerando produção, consumo interno e exportações.

“É um problema gravíssimo”, afirmou Matos, destacando que as maiores inconsistências estão nas estimativas de café canéfora, cuja produtividade vem crescendo nos últimos anos.

O Cecafé está liderando um projeto para implementar o georreferenciamento do parque cafeeiro, o que poderá auxiliar na precisão dos dados da Conab. Apesar das críticas, o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, defendeu um diálogo construtivo:
“Não podemos fazer críticas pejorativas, mas é evidente que a metodologia da Conab precisa ser revista.”

Produtores de arroz no Rio Grande do Sul também protestam

No mesmo dia, produtores de arroz do Rio Grande do Sul — maior estado produtor do cereal — também questionaram os dados da Conab. Em nota, a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Fedearroz) afirmaram que a estatal superestimou a produção da safra.

Segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a área plantada cresceu 2,69% em relação a 2024, muito abaixo dos 9,7% divulgados pela Conab. Para as entidades, o erro pode gerar impactos bilionários na economia ao interferir nos preços do cereal.
“A divulgação de dados equivocados tem o intuito claro de intervir nos preços, prejudicando produtores, indústrias e consumidores”, afirmou a nota conjunta.

A Conab respondeu às críticas, afirmando que suas estimativas refletem as expectativas de produção com base nos dados mais recentes e que parcerias estão sendo realizadas para aprimorar os levantamentos. A estatal se comprometeu a revisar os números e publicar novos dados no relatório de fevereiro.

O debate sobre a confiabilidade dos dados oficiais evidencia a importância de metodologias mais robustas para evitar prejuízos econômicos e fortalecer a credibilidade do setor agrícola brasileiro.

Fonte: G1

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