Brasil Bate Recorde de Exportações aos EUA às Vésperas da Posse de Trump
jan, 16, 2025 Postado porDenise VileraSemana202503
O Monitor do Comércio, publicação trimestral da Amcham Brasil, revelou nesta quinta-feira, 16, que as exportações brasileiras para os Estados Unidos atingiram um recorde de US$ 40,3 bilhões (cerca de R$ 242,5 bilhões na cotação atual) em 2024, superando pela primeira vez a marca de US$ 40 bilhões. O feito ocorre às vésperas da posse de Donald Trump, que retorna à Casa Branca na próxima segunda-feira, 20. O novo mandato do republicano promete gerar turbulências no comércio global, com aumento de tarifas e um possível distanciamento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O volume exportado também alcançou níveis inéditos, chegando a 40,7 milhões de toneladas, um aumento de 9,9% em relação a 2023, segundo a Amcham.
Desempenho Excepcional no Cenário Global
Enquanto as exportações globais do Brasil caíram 0,8% em 2024, as vendas para os Estados Unidos cresceram 9,2%, superando o desempenho em outros mercados importantes: União Europeia (+4,2%), China (-9,5%) e Mercosul (-14,1%).
“O comércio com os Estados Unidos gerou ganhos expressivos para a economia brasileira em 2024, movimentando diversos setores produtivos, especialmente a indústria”, destaca Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil. Ele também ressaltou que as exportações de produtos industriais atingiram um recorde de US$ 31,6 bilhões, consolidando os Estados Unidos como o principal destino de bens com maior valor agregado.
A corrente de comércio entre os dois países também foi significativa, alcançando US$ 80,9 bilhões, um crescimento de 8,2% em relação a 2023 e o segundo maior valor da série histórica.
Indústria Brasileira em Destaque
O desempenho da indústria brasileira foi um dos pontos altos do comércio bilateral em 2024. As exportações do setor alcançaram um recorde de US$ 31,6 bilhões, um aumento de 5,8% sobre o ano anterior. A indústria de transformação representou 78,3% de todas as exportações brasileiras para os EUA, consolidando o mercado norte-americano como o principal destino pelo nono ano consecutivo, à frente da União Europeia (US$ 22,4 bilhões) e do Mercosul (US$ 18,8 bilhões).
Produtos como petróleo bruto, aeronaves, café, celulose e carne bovina lideraram o crescimento em 2024. Entre os 10 principais itens exportados, oito registraram aumento em valor.
Veja abaixo a evolução mês a mês das exportações de contêineres dos portos brasileiros para os Estados Unidos, medidas em TEUs. Essas informações foram derivadas do DataLiner.
Exportações de Contêineres para os EUA | Jan 2021 – Nov 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
O crescimento das exportações para os EUA foi expressivo em todos os setores quando comparado às vendas globais do Brasil:
Agropecuária: +36,9% (vs. queda de 11,0% globalmente);
Indústria extrativa: +21,1% (vs. +2,4% globalmente);
Indústria de transformação: +5,8% (vs. +2,7% globalmente).
Importações: Energia em Evidência
As importações brasileiras de produtos americanos também cresceram, atingindo US$ 40,6 bilhões (+6,9%), resultando em um leve déficit comercial. Produtos como motores, máquinas não elétricas e aeronaves tiveram destaque, contribuindo para o segundo maior valor histórico de importações, atrás apenas de 2022 (US$ 51,3 bilhões).
O aumento nas compras de gás natural foi notável, representando 55% do crescimento total das importações. Esse movimento foi impulsionado pela estiagem em algumas regiões do Brasil, que afetou a geração de energia hidrelétrica e elevou a demanda por termelétricas.
Perspectivas para 2025
As projeções para 2025 indicam a manutenção de altos níveis de comércio entre Brasil e Estados Unidos, acompanhando o crescimento econômico de ambos os países. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), o comércio internacional de bens deve crescer 3% este ano. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um crescimento do PIB americano de 2,8%, enquanto o Brasil deve avançar 2%.
“Com a demanda em expansão nos dois países, esperamos que o fluxo comercial em 2025 se mantenha robusto, próximo dos valores mais altos da série histórica recente. No entanto, é essencial monitorar as elevadas incertezas internacionais”, alerta Abrão Neto.
A vitória de Trump em novembro trouxe otimismo aos mercados financeiros, com a expectativa de cortes de impostos e redução de regulações. Porém, no longo prazo, o protecionismo comercial que marcou seu primeiro mandato pode voltar com ainda mais força. Entre as promessas, está a imposição de uma tarifa de pelo menos 10% sobre todas as importações e de 60% sobre produtos chineses, o que pode gerar retaliações e impactar negativamente o comércio global, afetando também o Brasil.
Além disso, a relação entre Trump e Lula deve enfrentar desafios. A proximidade de Trump com o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua postura contrária à agenda ambiental brasileira são pontos de atrito. Enquanto Lula sediará a COP30 em Belém e liderará o Brics, Trump deve ignorar compromissos climáticos e pressionar contra o uso de moedas locais nas transações internacionais, tema defendido pelo governo brasileiro.
Esses fatores reforçam a necessidade de cautela nas relações comerciais entre os dois países, que, apesar das adversidades, mantêm um dos fluxos comerciais mais relevantes para a economia brasileira.
Fonte: Veja
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