
Balança comercial de máquinas fecha no vermelho pelo segundo ano consecutivo
jan, 24, 2025 Postado porDenise VileraSemana202504
O setor de máquinas no Brasil enfrenta um cenário desafiador, com a balança comercial registrando déficit pelo segundo ano consecutivo. “Nunca sofremos um ataque tão grande de empresas de fora no setor de máquinas”, declarou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (21).
As importações vêm principalmente da China, que responde por 55,7% do total, seguida pela Índia, com 26,4%. Esse avanço estrangeiro no mercado brasileiro não é recente: nos últimos quatro anos, o volume de importações triplicou, saltando de 9 mil unidades em 2020 para 26,4 mil em 2024. Em contraste, as exportações cresceram em ritmo muito mais lento, aumentando 1,6 vez no mesmo período, de 12,8 mil para 20,6 mil unidades. Como resultado, o saldo comercial, que era superavitário em 3,8 mil unidades, passou para um déficit de 5,8 mil unidades em 2024.
Impacto da concorrência chinesa
Mesmo com a alta do dólar, que teoricamente encarece as importações, a entrada de máquinas estrangeiras no Brasil cresceu 300%. “Há ainda suspeitas de que empresas chinesas possam estar maquiando dados, declarando produção local enquanto mantêm apenas escritórios no país, o que pode significar que a fatia da China seja ainda maior que os 55,7% registrados oficialmente”, alertou Lima Leite.
A concorrência global também traz desafios adicionais. Dados da Anfavea mostram que, nos mercados das Américas, a participação da China no segmento de máquinas de construção dobrou em um ano, subindo de 20,7% para 43%. No mesmo período, a presença brasileira cresceu modestamente, de 4,1% para 5,5%. No setor de máquinas agrícolas, o avanço chinês foi de 7,7% para 12,7%, enquanto a participação do Brasil passou de 3,5% para 4,6%.
Exportações brasileiras e o cenário global
No ano passado, o Brasil exportou 20,5 mil unidades, sendo 6 mil máquinas agrícolas e 14,5 mil de construção. Os Estados Unidos foram o principal destino, recebendo 42% do total, seguidos por México (7,2%) e Paraguai (4,1%).
“A cada 100 máquinas de construção importadas pelos Estados Unidos, 37,4% são chinesas, um salto impressionante em relação aos 9% registrados em 2023. Enquanto isso, a participação brasileira cresceu de 0,8% para 2,4% no mesmo período”, destacou Lima Leite.
A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e sua intenção de elevar tarifas para produtos chineses pode abrir oportunidades para o Brasil no mercado norte-americano. No entanto, o excesso de máquinas chinesas disponível no mercado global ameaça a competitividade brasileira, especialmente na América Latina, onde o país busca consolidar sua presença.
Desafios e perspectivas
Embora as exportações para os Estados Unidos representem um ponto positivo, a concorrência com a China permanece um grande desafio. “Por um lado, barreiras tarifárias contra a China podem beneficiar o Brasil. Por outro, o excesso de produtos chineses no mercado global prejudica nossa indústria e nossa competitividade em mercados estratégicos”, concluiu Lima Leite.
O cenário reforça a necessidade de estratégias para fortalecer o setor nacional frente à crescente influência estrangeira e às dinâmicas desafiadoras do mercado internacional.
Fonte: Auto Data
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