Porto de Callao em crise com capacidade excedida

Navios cargueiros enfrentam longas filas nos diversos terminais do Porto de Callao, impossibilitados de descarregar contêineres ou cargas a granel, o que desencadeou uma grave crise logística que está afetando o comércio exterior do Peru, segundo Rafael Zacnich, gerente de Estudos Econômicos da Comex Peru.

Em entrevista ao jornal Correo, Zacnich explicou que a crise é resultado de fatores globais e locais. O principal problema, afirmou, é o aumento na chegada de embarcações ao porto, que sobrecarregou os terminais já saturados.

A Associação para o Fomento da Infraestrutura Nacional (AFIN) destacou que as rotas marítimas globais estão sendo reconfiguradas, contribuindo para a congestão não apenas em Callao, mas também em portos como Manzanillo (México) e outros na América Latina e Europa.

Desafios globais e locais

Zacnich enfatizou que os desdobramentos geopolíticos, especialmente no Oriente Médio, têm desestabilizado as rotas marítimas globais, agravando a congestão portuária.

No entanto, ele também apontou que ineficiências locais pioram o cenário. “O Antepuerto de Callao, uma plataforma projetada para agilizar o acesso de caminhões ao porto, está em construção há 10 anos e ainda não foi concluído”, afirmou.

O gargalo logístico tem criado grandes desafios para o comércio exterior peruano. A demora na retirada de mercadorias importadas, causada pela falta de instalações de armazenamento disponíveis, também está atrasando o envio de cargas destinadas à exportação.

“Essa situação deverá ter um impacto significativo nos custos, embora o valor exato ainda não tenha sido determinado”, destacou Zacnich.

Soluções potenciais: redirecionamento para Chancay

Em resposta à crise, o Ministério de Comércio Exterior e Turismo convocou uma reunião para hoje, em sua sede em San Isidro, com todos os atores envolvidos no comércio exterior, incluindo a SUNAT (autoridade aduaneira peruana) e associações empresariais como a Comex Peru.

“O objetivo da reunião é implementar medidas para aliviar a situação, como redirecionar cargas inicialmente destinadas a Callao para o Porto de Chancay. No entanto, isso exigirá ajustes nos permissões existentes”, explicou Zacnich.

A AFIN também destacou que ressacas anômalas na região têm levado ao fechamento temporário de portos, atrasando ainda mais as operações das embarcações e agravando a congestão.

A crise reforça a necessidade urgente de melhorias na infraestrutura e reformas operacionais no Porto de Callao para lidar com o crescente volume de comércio de forma eficiente.

Fonte: Diario Correo – Peru

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