
Exportação de calçados cearenses cai 25% diante da forte concorrência asiática
jan, 28, 2025 Postado porDenise VileraSemana202505
O Ceará exportou 6 milhões de pares de calçados a menos em 2024 em comparação com 2023, conforme relatório da Associação Brasileira da Indústria Calçadista (Abicalçados), com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O recuo representa uma queda de 17,5% no volume exportado.
Em números absolutos, o estado enviou 30,1 milhões de pares ao exterior em 2024, ante 36,6 milhões no ano anterior. Em termos financeiros, a redução foi ainda mais expressiva: uma perda de R$ 66 milhões, ou 24,9%. O valor médio por par também recuou 9%, acentuando o impacto nas receitas.
Confira abaixo um histórico das exportações de calçados via Porto de Fortaleza. Os dados são do DataLiner:
Exportações de calçados via Porto de Fortaleza | Jan 2021 – Nov 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Cenário nacional
A retração nas exportações não foi exclusiva do Ceará. Dos 10 estados analisados no relatório, apenas Bahia (crescimento de 2,1%) e Mato Grosso do Sul (avanço de 335%) apresentaram resultados positivos em valores exportados.
No Rio Grande do Sul, maior produtor de calçados do Brasil, as exportações também registraram queda: -10,9% em valores, -8,6% no número de pares e -2,6% no valor médio por par. Ainda assim, o estado manteve a liderança nacional, seguido pelo Ceará.
Concorrência internacional e desafios internos
Especialistas apontam que a indústria calçadista brasileira enfrenta desafios crescentes no mercado global. Segundo Ulysses Reis, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), países asiáticos como China, Indonésia e Camboja têm se destacado pela combinação de tecnologia avançada, baixos custos de produção e infraestrutura eficiente.
“Esses países não enfrentam custos relacionados ao IPI, problemas logísticos ou a burocracia que impactam a competitividade brasileira. Com isso, a tendência é que a pressão sobre nossas exportações aumente ainda mais”, avalia Reis.
Além disso, o economista Ricardo Coimbra ressalta a relevância do mercado norte-americano para o Ceará. “Os Estados Unidos são o principal destino das nossas exportações. O posicionamento do governo Trump, caso implemente barreiras tarifárias ou comerciais, pode trazer novos desafios em 2025”, afirma.
Produção nacional em alta
Apesar da queda nas exportações, a produção calçadista nacional apresentou crescimento. De acordo com o IBGE, o segmento de “Preparação de couros e fabricação de calçados” cresceu 22,4% de janeiro a novembro de 2024, comparado ao mesmo período de 2023.
No Ceará, a força do setor foi destacada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante. “O setor representa 19,5% do PIB local, arrecada 22% do ICMS estadual e emprega diretamente 380 mil pessoas. Esses números demonstram sua relevância para a economia do estado”, enfatiza.
Exportações brasileiras de calçados em 2024
O Brasil exportou US$ 72,3 milhões em calçados em 2024, registrando uma leve queda de 1,4% em relação a 2023. No entanto, o número de pares cresceu 5,4%, enquanto o valor médio por par recuou 6,5%.
Segundo Haroldo Ferreira, presidente executivo da Abicalçados, o mercado doméstico desempenhou papel crucial na recuperação da indústria em 2024, especialmente após as enchentes no Rio Grande do Sul. Ele acredita que, em 2025, o mercado interno continuará sendo o principal motor de crescimento do setor.
Perspectivas para 2025
O cenário para 2025 é desafiador, com possíveis desdobramentos políticos e econômicos globais. Além da crescente competitividade asiática, a postura do governo dos Estados Unidos pode impactar diretamente as exportações cearenses.
Outro ponto de atenção é a possível formação de um acordo comercial entre Argentina e EUA, discutido pelos presidentes Javier Milei e Donald Trump. “Se esse acordo for concretizado, a indústria brasileira pode perder espaço no mercado argentino, intensificando as dificuldades para o setor calçadista”, alerta Ulysses Reis.
Mesmo com os desafios no comércio exterior, especialistas veem no mercado interno uma oportunidade para o setor manter sua relevância econômica e social, especialmente em estados como o Ceará e o Rio Grande do Sul, que são pilares da indústria calçadista nacional.
Fonte: Diário do Nordeste
Clique aqui para ver o texto original: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/opiniao/colunistas/ingrid-coelho/exportacoes-de-calcados-cearenses-cai-25-diante-da-concorrencia-com-mercados-asiaticos-1.3609654
-
Economia
jun, 01, 2023
0
DataLiner: Dados de abril confirmam tendência de queda na demanda por transporte de exportação. Importações seguem mais aquecidas
-
jun, 30, 2022
0
América Latina é o principal destino das manufaturas chilenas em 2022
-
Portos e Terminais
maio, 30, 2022
0
Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes aumenta em 6% a movimentação de cargas gerais em abril
-
Portos e Terminais
maio, 19, 2021
0
Produtividade na importação de adubo cresce 20% nos portos do Paraná