O petróleo pode recuperar a liderança nas exportações do Brasil, diz IBP

fev, 03, 2025 Postado porDenise Vilera

Semana202506

O petróleo pode voltar a ser a principal exportação do Brasil em 2025, de acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). No ano passado, o petróleo superou a soja—tradicionalmente a principal exportação do país—garantindo a primeira posição entre os principais produtos exportados do Brasil. O forte desempenho das exportações do setor deve continuar neste ano, afirmou o presidente do IBP, Roberto Ardenghy.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) do Brasil, compilados pelo IBP, mostram que as exportações de petróleo totalizaram US$ 44,8 bilhões em 2024, um aumento de 5,4% em relação aos US$ 42,5 bilhões registrados em 2023. Em volume, as exportações atingiram 640 milhões de barris no ano passado, um aumento de 10% em relação a 2023.

Esse crescimento ocorreu apesar de uma queda nas importações de petróleo, observou o IBP no mesmo relatório. As importações de petróleo caíram 4,4% em 2024 em comparação com 2023, passando de US$ 9,1 bilhões para US$ 8,7 bilhões.

Como resultado, o superávit comercial de petróleo do Brasil—exportações menos importações—chegou a US$ 36,2 bilhões, um aumento de 8% em relação aos US$ 33,5 bilhões de 2023.

Nos últimos cinco anos, até 2024, o petróleo gerou receitas totais de US$ 145,8 bilhões. Considerando apenas os saldos comerciais, o setor registrou um superávit de aproximadamente US$ 111 bilhões.

“Isto demonstra a força do setor”, afirmou Ardenghy.

Em média, o Brasil exporta 2,5 milhões de barris de petróleo por dia, totalizando cerca de 1 bilhão de barris anualmente. De acordo com Ardenghy, essa tendência deve continuar em 2025.

Ardenghy acredita que o Brasil tem capacidade para aumentar ainda mais suas exportações de petróleo. Segundo suas projeções, o país poderia subir da oitava para a quinta posição entre os maiores exportadores de petróleo do mundo até 2032.

Ele atribui esse potencial crescimento ao atual cenário global, onde os países estão buscando fornecedores alternativos de petróleo para substituir a Rússia e o Oriente Médio. Os conflitos nessas regiões aumentaram os riscos de fornecimento, criando uma oportunidade para o Brasil expandir sua presença nos mercados internacionais.

“A Europa está substituindo o petróleo russo pelo petróleo brasileiro”, afirmou.

Outro fator que impulsiona a demanda pelo petróleo brasileiro, segundo Ardenghy, é sua menor intensidade de carbono em comparação com a média global. O petróleo brasileiro emite aproximadamente 11 quilos de CO₂ equivalente por barril—menos da metade da média global. Essa vantagem ambiental, ele argumenta, pode tornar o petróleo brasileiro ainda mais competitivo no médio prazo, especialmente à medida que os mercados internacionais de carbono se estabeleçam.

Apesar dos esforços contínuos de transição energética, Ardenghy enfatizou que o petróleo continuará sendo uma importante commodity global por décadas, mesmo que a demanda caia dos atuais 100 milhões de barris por dia. Projeções citadas pelo IBP indicam que o consumo global de petróleo pode variar entre 60 milhões e 65 milhões de barris por dia até 2050.

No entanto, Ardenghy alertou que a posição de liderança do petróleo nas exportações do Brasil depende do desempenho das commodities concorrentes—soja e minério de ferro. Se as exportações desses dois produtos aumentarem em 2025, eles poderão ultrapassar o petróleo.

Enquanto isso, o cenário para os produtos refinados de petróleo é bastante diferente do petróleo bruto. Em 2024, o Brasil exportou US$ 11,7 bilhões em combustíveis refinados, mas importou US$ 17 bilhões, resultando em um déficit comercial de US$ 5,3 bilhões para os produtos petrolíferos. De acordo com o IBP, o diesel continuou sendo o principal produto petrolífero importado pelo país, representando quase 50% do total das importações, com uma parte significativa vinda da Rússia.

Apesar do déficit atual em produtos refinados, Ardenghy vê uma mudança no horizonte, citando investimentos planejados em novas refinarias que podem aumentar a produção doméstica nos próximos anos. No entanto, ele alertou que o saldo positivo do comércio de petróleo do Brasil pode ser prejudicado por possíveis aumentos de impostos sobre o setor.

Ardenghy apontou para a recente reforma tributária do Brasil, sancionada pelo presidente Lula, que incluiu um veto controverso: a remoção de uma isenção que teria protegido as exportações de petróleo do novo imposto seletivo. A indústria do petróleo havia feito lobby contra essa medida.

O IBP espera que o Congresso revogue o veto. Caso contrário, o instituto está considerando tomar medidas legais, possivelmente em parceria com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) para contestar o imposto na justiça.

Fonte: Valor Internacional

Sharing is caring!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


O período de verificação do reCAPTCHA expirou. Por favor, recarregue a página.