Grãos

Como a Cofco se prepara para ganhar mais espaço nas exportações do Brasil

fev, 04, 2025 Postado porGabriel Malheiros

Semana202506

Nos últimos anos, a Cofco International conquistou uma posição de destaque nas exportações de commodities do Brasil. Agora, está prestes a preencher uma lacuna crucial para ampliar ainda mais sua participação nos embarques. Até o final de março, o gigante chinês iniciará as operações em seu novo terminal no Porto de Santos, triplicando sua capacidade de exportação no maior porto da América Latina.

O novo terminal terá capacidade para movimentar 14,5 milhões de toneladas por ano, incluindo soja, milho e açúcar—com os grãos respondendo por 9 a 10 milhões de toneladas desse total. Até agora, o máximo que a Cofco conseguia exportar por meio de seu próprio terminal em Santos, que será incorporado ao novo complexo, era 4,5 milhões de toneladas.

Em 2025, a empresa espera embarcar 8 milhões de toneladas a partir do novo terminal, todas provenientes da própria Cofco. Em 2026, a capacidade total deverá ser atingida, impulsionando as exportações da empresa por Santos e aumentando sua fatia nas exportações brasileiras. A expansão é uma boa notícia para os consumidores chineses, especialmente em meio às expectativas de aumento das tensões comerciais entre Pequim e Washington com o retorno de Donald Trump à Casa Branca.

A Cofco exportou 17 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas do Brasil no ano passado, das quais apenas 4,5 milhões partiram de Santos—além desse porto, a empresa também opera em terminais no Norte do Brasil. Neste ano, as exportações de soja e milho da Cofco no país podem chegar a 18 milhões de toneladas, afirmou Sérgio Ferreira, diretor de operações da Cofco no Brasil, em entrevista.

Nos últimos dez anos, o Brasil se tornou prioridade nos planos de expansão da Cofco, que se consolidou como uma das principais tradings globais de commodities. A empresa possui 20 silos de grãos em Mato Grosso, uma unidade de processamento de soja e quatro usinas de açúcar e etanol em São Paulo, além do Terminal 12A, que agora será integrado ao novo complexo.

A presença forte em portos era a peça que faltava, um investimento perseguido desde a aquisição dos ativos da Nidera pelo grupo chinês, em 2014. Em 2022, a Cofco venceu a concessão do terminal por US$ 2 milhões, com um contrato de 25 anos.

Visita ao novo terminal

Na última sexta-feira, a AgriBiz visitou o canteiro de obras. Cerca de 1.400 trabalhadores atuam no local 24 horas por dia, sete dias por semana, para garantir a inauguração do Terminal de Exportação da Cofco (TEC) em tempo recorde—cerca de um ano e meio após o início da construção.

A empresa está investindo US$ 285 milhões no terminal, que será a maior unidade de exportação da Cofco no mundo. Ele contará com capacidade estática de armazenamento de 490 mil toneladas, a maior do Porto de Santos. Dois carregadores de navios, com capacidade de 4.000 toneladas por hora, estão sendo instalados, permitindo o carregamento de dois navios Panamax por dia em condições climáticas favoráveis—até 140 mil toneladas diárias.

O terminal receberá a maior parte das cargas por ferrovia, com previsão de que 70% das entregas cheguem por trem e apenas 30% por caminhão. Para viabilizar esse modelo, a empresa anunciou um investimento de 1,2 bilhão de reais (US$ 206 milhões) na compra de vagões e locomotivas, que serão operados pela Rumo, maior operadora ferroviária do Brasil. O modelo promete aumentar a eficiência e a competitividade da Cofco.

“A malha ferroviária permite maior eficiência no carregamento, e com uma grande capacidade estática, não precisaremos interromper o recebimento de cargas. Estaremos recebendo e embarcando simultaneamente”, afirmou Ferreira. Com um terminal próprio, ele estima que os custos da Cofco serão de 10% a 15% menores em comparação ao uso de terminais de terceiros.

Soja sustentável

No domingo, no Porto de Santos, a Cofco International assinou um acordo com a Mengniu Dairy, uma das maiores empresas de laticínios da China, e a Sheng Mu Organic Dairy para fornecer 1,5 milhão de toneladas de soja certificada sustentável do Brasil.

A certificação garante que a soja provém de áreas livres de desmatamento e conversão de terras desde 31 de dezembro de 2020. Auditorias independentes também verificam o cumprimento de outros requisitos da certificação, como gestão sustentável da água e conservação da biodiversidade nas fazendas.

“Há uma demanda crescente por soja sustentável na China. Nos últimos seis meses, outros grupos chineses nos procuraram interessados em comprar soja certificada”, disse Allan Virtanen, diretor global de sustentabilidade e comunicação da Cofco.

Texto original por Tatiana Freitas para TheAgriBiz

Reportagem original disponível em https://www.theagribiz.com/international/how-cofco-prepares-to-gain-more-ground-in-brazils-exports/

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