Cresce na UE pressão para ampliar lista de produtos a serem barrados por relação com desmatamento
fev, 23, 2022 Postado porGabriel MalheirosSemana202208
Vários ministros de agricultura da União Europeia (UE) defenderam nesta segunda-feira a ampliação da lista de commodities a serem interditadas no mercado europeu por vinculação com desmatamento e degradação das florestas, o que tende a ampliar a pressão sobre exportações brasileiras em futuro próximo.
Em sua proposta feita em novembro de 2021, a Comissão Europeia, o braço executivo da UE, listou seis commodities a serem alvejadas, com base em estudos de impacto e representando a maior parte do desmatamento induzido pela UE: óleo de palma (33,95%), soja (32,83%), madeira (8,62%), cacau (7,54%), café (7,01%) e carne bovina (5,01%).
Em reunião hoje dos ministros de agricultura, sob a presidência da França, em Bruxelas, a Bélgica defendeu que seja avaliado impacto ambiental de cana de açúcar, por exemplo, para eventual alargamento da lista — o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar.
O ministro alemão de agricultura, Cem Oezdemir, uma das lideranças do Partido Verde, defendeu progressivo endurecimento da regulação para proteger as florestas. Vários outros defenderam a lista atual de seis ou continuação de estudos de viabilidade de inclusão de produtos na lista que será fechada nas próximas semanas ou meses. O ministro alemão apoiou também o plano da UE de exigir produto “livre de desmatamento”, seja ele legal ou ilegal.
Para isso, a Comissão Europeia propõe a implementação de um sistema de diligência obrigatória para o conjunto dos operadores e comerciantes que colocam no mercado da UE os produtos listados. Também haverá um ranking sobre o risco do país de origem ou da produção da commodity.
Mas a ministra de agricultura de Portugal, Maria do Céu Antunes, refletindo uma posição de boa parte dos ministros, observou que, “quanto a obrigações dos operadores, seu cumprimento vai contribuir no custo final dos produtos. E existe risco de países terceiros verem a UE como um mercado menos atrativo para suas exportações, num contexto em que a procura global de matérias-primas e produtos cresce a nível mundial”.
Ela destacou que essa preocupação cresce em relação a matérias-primas para alimentação animal, com no caso das aves e suínos. A Espanha concordou e também pediu cautela na regulação em elaboração, notando que “somos países dependentes das importações desses produtos”.
Fonte: Valor Econômico
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