A próxima Vaca Muerta: como a Argentina se prepara para explorar seus recursos de cobre e lítio
out, 10, 2024 Postado porGabriel MalheirosSemana202440
A expectativa em torno dos projetos de mineração na Argentina transcende partidos políticos. Tanto o governo liberal de Javier Milei quanto governadores de diferentes espectros, como os radicais e peronistas de San Juan, Mendoza, Catamarca, Salta e Jujuy, estão em diálogo com empresas internacionais para atrair investimentos. A Argentina possui vastos recursos naturais, especialmente cobre e lítio, mas para aproveitar seu potencial ao máximo, o país precisa gerar confiança a longo prazo, investir em infraestrutura e reduzir custos de capital para tornar seus projetos mais competitivos, apontam especialistas do setor.
Esses desafios foram debatidos durante uma conferência sobre transição energética, organizada pelo Wilson Center em Buenos Aires, que contou com a participação do embaixador dos Estados Unidos, Marc Stanley. “A Argentina é líder em recursos energéticos que o mundo necessita”, afirmou Stanley.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), até 2030 será necessário triplicar a produção de tão importantes minerais. No setor, muitos comparam a situação do cobre e do lítio com o que Vaca Muerta representava há 10 anos.
“Há uma combinação de fatores que nos permite ser otimistas quanto ao presente e futuro da mineração na Argentina, um setor que historicamente foi negligenciado. Isso está mudando, em grande parte por conta da transição energética. Para alcançarmos um mundo mais limpo, precisamos de lítio e cobre. A mineração deixou de ser vista como sinônimo de extrativismo predatório e passou a ser uma oportunidade de avançarmos em direção a um ambiente mais saudável”, afirmou o secretário de Minas, Luis Lucero.
No caso do cobre, a Argentina deixou de produzir o minério em 2018, quando a mina Bajo la Alumbrera encerrou suas atividades. No entanto, novos projetos estão em desenvolvimento, como Taca Taca, em Salta; Mara, em Catamarca; e Josemaría, em San Juan.
Já no caso do lítio, apesar da queda no preço por tonelada de US$ 80 mil para US$ 20 mil no último ano, o país conta com quatro projetos em produção. O principal é o Cauchari-Olaroz, em Jujuy, operado pela Lithium Argentina, em parceria com a chinesa Ganfeng e a estatal provincial Jujuy Energía y Minería. Com um investimento de US$ 1 bilhão, a mina começou a operar em 2023, com capacidade de produção de 40 mil toneladas anuais e uma vida útil superior a 40 anos.
Embora a Lithium Argentina tenha outro projeto em Salta, Pastos Grandes, ele ainda está em fase de viabilidade e os investimentos estão desacelerados devido à queda no preço do lítio. “Apenas os projetos já em construção ou operação permanecem atraentes. A expectativa é que esses projetos avancem, mas será mais desafiador do que muitos imaginavam quando os preços eram mais altos”, disse Ignacio Celorrio, vice-presidente da empresa.
Segundo Celorrio, o importante no mercado de lítio não é o lucro imediato, mas a confiabilidade como produtor de longo prazo. “Esse é o segredo da Argentina: produzir com qualidade e consistência para ocupar mercados que, de outra forma, seriam dominados por outros países.”
Martín Pérez de Solay, ex-CEO da Allkem, destacou a importância estratégica do cobre na Argentina. “O mundo precisará de muito mais cobre e a Argentina tem muitos projetos para explorar”, observou.
O professor do ITBA ressalta que um projeto de cobre exige um investimento inicial entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões e que a janela de oportunidade é relativamente curta. “Veremos um problema no fornecimento de cobre em cinco anos. Não há grandes projetos em desenvolvimento no mundo, e seria uma pena perder essa oportunidade”, alertou.
Juan Pablo Schaeffer, diretor da Anglo American no Chile, compartilhou a experiência chilena de desenvolvimento mineral, destacando a importância da estabilidade e de um trabalho coordenado com autoridades para garantir a viabilidade dos projetos. “O Chile também estabeleceu um regime tributário e regulatório estável, fundamental para investimentos de longo prazo”, afirmou.
Por fim, o secretário Lucero ressaltou que a Argentina também possui grande potencial em outros minerais, como ouro e prata, especialmente na Patagônia. “Precisamos retomar os investimentos em prospecção e exploração. Temos menos de 40 projetos nessa fase, e para garantir o futuro da produção mineral, é necessário prospectar muito mais”, concluiu.
Fonte: La Nación
Matéria original em espanhol: https://www.lanacion.com.ar/economia/la-proxima-vaca-muerta-como-se-prepara-la-argentina-para-desarrollar-sus-recursos-de-cobre-y-litio-nid10102024/
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