Abate de jumentos para exportação cresce 8.000% e ameaça a espécie no Brasil
jul, 23, 2021 Postado porSylvia SchandertSemana202129
O abate de jumentos para comercialização da pele no mercado externo, tanto legal quanto ilegal, está ameaçando a existência destes animais no País. O alerta é feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP em artigo publicado numa edição especial do Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science sobre o bem-estar no manejo de jumentos e mulas. O trabalho mostrou que, considerando apenas os registros do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o abate aumentou mais de 8.000% entre 2015 e 2019, quando foram mortos 91.645 animais. Entre 2010 e 2014, foram pouco mais de 1.000 abates em todo o País. Os pesquisadores apontam que o ritmo atual coloca em risco a espécie, cujo rebanho estimado no Brasil é de 400.000 animais, pois a taxa de reprodução não tem a mesma velocidade.
O abate de equídeos, como cavalos, mulas e jumentos, é aprovado no Brasil há muitos anos, e o decreto 9013/2017 oferece o arcabouço legal que permite o abate de jumentos e outras espécies. Com base em dados do Mapa, o artigo aponta que foram abatidos legalmente 135.254 jumentos entre 2002 e 2019.
As estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) sobre a exportação de peles cruas e couros, mencionadas no trabalho, incluem, além dos jumentos, cavalos e mulas, e mostram que entre 2002 e 2019, os principais destinos das exportações brasileiras eram Itália, Portugal, Hong Kong, Espanha e China. “Entre 2002 e 2010, foram exportadas, em média, 7.354 toneladas de peles e couros por ano, a maior parte para atender à demanda de países europeus pela carne e couro de cavalos, mas uma proibição da União Europeia fez a média diminuir para 18,3 toneladas anuais entre 2011 e 2020”, apontam os autores do artigo. “Em 2019, as exportações foram de 98,8 toneladas, um aumento de 4.640% em relação ao ano anterior, que provavelmente está relacionado com o aumento do abate de jumentos e da exportação de peles, principalmente para China, Hong Kong e Vietnã.”
Fonte: Um só planeta
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