Acordo comercial Mercosul-UE é esperado para dezembro
nov, 21, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202444
O governo brasileiro acredita que o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul será anunciado durante a cúpula do bloco sul-americano em dezembro. Um anúncio durante as reuniões do G20, que terminaram nesta terça-feira (19) no Rio de Janeiro, não é mais esperado, apesar dos planos iniciais de ambas as partes. Na segunda-feira, o chanceler alemão Olaf Scholz também pediu para que o acordo fosse finalizado em breve.
Em entrevista ao Valor, o Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o acordo entre os dois blocos deverá ser revelado durante a cúpula do Mercosul, marcada para os dias 5 e 6 de dezembro no Uruguai. A França continua sendo o principal obstáculo, principalmente devido aos impactos negativos potenciais para seu setor agrícola.
Na segunda-feira, os agricultores franceses realizaram novas manifestações contra as propostas em negociação. No entanto, durante uma coletiva de imprensa nas reuniões do G20, o Sr. Fávaro disse: “Mesmo com resistência, eles [França] acabarão enfrentando pressão.”
O Ministro destacou que essa pressão virá “até mesmo do próprio [bloco] europeu, que está interessado em formalizar o acordo.” Enquanto isso, as discussões internas dentro do Mercosul, como as “questões levantadas pelo Paraguai”, foram abordadas e resolvidas pelo presidente Lula.
Fávaro ressaltou que “os avanços são muito encorajadores para alcançar um bom resultado,” acrescentando, “Nunca estivemos tão perto deste acordo.”
Outro oficial do governo brasileiro envolvido nas negociações previu uma rodada final de conversas na próxima semana, durante a qual o acordo poderá ser finalizado e anunciado em dezembro, na cúpula do bloco sul-americano no Uruguai.
O chanceler Scholz, falando em uma coletiva de imprensa do G20, enfatizou a urgência de concluir o acordo. Ele criticou a abordagem atual da negociação da UE, afirmando: “Precisamos abandonar os princípios e métodos pelos quais os acordos foram negociados [na UE] até agora.”
“Os acordos comerciais foram delegados à União Europeia pelos estados europeus, não para resultar em menos acordos, mas em mais,” disse Scholz, defendendo mudanças que permitiriam acordos mais “exclusivos” para a UE. “Sou um defensor explícito dos chamados acordos exclusivos da UE,” acrescentou o chanceler alemão.
No domingo, o presidente Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, discutiram o acordo durante uma reunião bilateral no Rio de Janeiro. Após o encontro, von der Leyen escreveu no X que o acordo tem “grande importância econômica e estratégica” para ambos os lados.
Em entrevista ao Valor em outubro, o Comissário Europeu de Comércio, Valdis Dombrovskis, afirmou que a UE e o Mercosul têm “uma janela de oportunidade para concluir as negociações até o final do ano.” Dombrovskis é o oficial europeu que lidera o processo. O presidente Lula também compartilhou sentimentos semelhantes, dizendo em setembro que ambas as partes “finalizariam o acordo este ano, se Deus quiser.”
“Continuamos as discussões sobre os esforços para o acordo Mercosul-UE,” escreveu o presidente brasileiro no X no domingo após seu encontro com von der Leyen.
O Ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, outro defensor do pacto, participou de um jantar no Rio de Janeiro com o presidente francês Emmanuel Macron na segunda-feira e teve uma reunião bilateral com o Ministro das Finanças da França, Antoine Armand. Em entrevista à CNBC no domingo, Haddad disse: “Se não fosse pela França, talvez esse acordo já tivesse sido assinado.”
Se concluído, o acordo ainda precisará passar por várias etapas, incluindo uma revisão das novas regras pelo Conselho Europeu. As negociações para o pacto começaram em 1999.
De acordo com os dados mais recentes da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o comércio entre o Brasil e a UE totalizou US$ 80,5 bilhões de janeiro a outubro deste ano, um aumento de 4,7% em comparação com o mesmo período de 2023. O petróleo é o principal item de exportação do Brasil para o bloco europeu, representando 8,8% das exportações, enquanto medicamentos e produtos farmacêuticos representam 8,5% das exportações da UE para o Brasil.
Fonte: Valor Internacional
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