Aduanas do mundo se preparam para distribuir vacina contra Covid-19
dez, 07, 2020 Postado porSylvia SchandertSemana202050
O início da distribuição das vacinas contra a Covid-19 tem exigido muito planejamento das aduanas mundo afora. Importantes para conter a pandemia, elas precisam ser liberadas depressa pelas alfândegas — até por questões técnicas de preservação dos seus componentes químicos.
Ao mesmo tempo, como os imunizantes devem ser o novo alvo de quadrilhas especializadas, é preciso atenção redobrada para impedir a entrada de produtos falsos no mercado. A boa notícia é que as autoridades já conhecem muitas rotas deste comércio ilegal. Já estavam em cima do mercado paralelo de medicamentos para o tratamento de pacientes contaminados pelo novo coronavírus e equipamentos de segurança desde o início da pandemia. Toneladas já foram apreendidas.
Em uma grande operação coordenada pela Organização Mundial de Aduanas (OMA), entre maio e julho, que envolveu administrações aduaneiras de 99 países, foram interceptados mais de 307 milhões de medicamentos falsos, vencidos, ou com prazo de validade por expirar. A grande maioria não tinha autorização para ser comercializada. Entre eles, havia a controversa cloroquina, a dexametasona, vários tipos de antibióticos e de antimaláricos em geral.
Também foram confiscados 47 milhões de equipamentos de proteção falsos ou ilegais, além de quase 2,8 milhões de litros de álcool gel sem qualquer substância capaz de combater o vírus. A operação contou com a colaboração da Interpol, da Olaf, que é o braço anti-fraude da União Europeia e de laboratórios, como Sanofi, Novartis e Pfizer, que teve a sua vacina aprovada para consumo no Reino Unido na semana passada.
Esses números refletem apenas esse período de dois meses da operação STOP, como foi apelidada pela OMA. Mas dão a dimensão do problema. “A operação STOP é um ótimo barômetro do problema. Mas nós estamos trabalhado duro há meses e estamos preparados para facilitar a entrada das vacinas. Isso é nossa prioridade. Estamos prontos”, afirma o gerente do Programa de Saúde e Segurança da OMA, Maurice Adefalou.
A maioria dos produtos interceptados vem de países asiáticos. Em geral da China. O destino deles é variado: 99% dos medicamentos falsos seguiam para a África, 87% das máscaras e 82% dos testes de Covid-19, para a Europa, enquanto 84% dos termômetros iam para a América do Sul. Os dados não incluem o Brasil, que, embora tenha participado da operação, não relatou os resultados para a OMA.
Os métodos são sempre engenhosos. Para se ter uma ideia, as autoridades argentinas apreenderam uma caixa com testes de Covid-19 que haviam sido declarados como acessórios de computadores. Outro complicador está no fato de que esse comércio ilegal costuma ser pulverizado. Ou seja, são aquelas pequenas caixas de entregas online, e não em grandes contêineres.
“Cerca de 57% dos produtos ilegais viajavam em pequenas caixas”, disse Adefalou.
Isso dificulta o trabalho das autoridades, que precisam do mesmo número de funcionários para controlar um contêiner e uma caixinha. O desafio das aduanas é enorme, porque precisam sempre tentar se antecipar à ação das quadrilhas.
Rotas conhecidas
É verdade que já conhecem muitas das rotas e estão há meses se preparando para lidar com os carregamentos de vacinas. Muitas já fizeram convênios com os laboratórios, com empresas comércio eletrônico e de entrega online, além de autoridades do mundo inteiro. Em vários países, se exigem declarações antecipadas das mercadorias para facilitar o controle nas fronteiras.
Dados da operação STOP:
• 1.683 interceptações
• 307 milhões de medicamentos falsos
• 47 milhões de equipamentos de proteção
• 2,76 milhões de litros de álcool gel
No meio disso tudo havia remédios falsos (sem qualquer comprovação de eficácia) ou simplesmente sem autorização. O mesmo aconteceu com o álcool gel.
• 99% dos medicamentos apreendidos iam para a África
• 87% das máscaras para a Europa
• 84% dos termômetros para a América do Sul
• 82% dos testes de Covid para a Europa
• 57% das apreensões foram feitas em produtos transportados em pequenas caixas.
Fontes: Organização Mundial de Aduanas (OMA) e Época Negócios
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