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Agronegócio Enfrenta Incertezas com o Retorno de Trump à Presidência
jan, 21, 2025 Postado porDenise VileraSemana202504
Quatro anos após deixar o cargo, Donald Trump voltou à presidência dos Estados Unidos, levantando questões sobre como sua administração impactará o comércio global, especialmente o setor agropecuário do Brasil. Desde sua vitória em novembro do ano passado, os stakeholders do agronegócio brasileiro acompanham de perto a possibilidade de uma nova guerra comercial entre os EUA e a China.
Durante o primeiro mandato de Trump, em 2018, ele impôs tarifas que variaram de 10% a 50% sobre centenas de importações chinesas, incluindo produtos agrícolas. Pequim respondeu com restrições a produtos dos EUA, beneficiando indiretamente o agronegócio brasileiro, especialmente o setor de soja, que ganhou participação no mercado chinês devido ao aumento nos custos da soja americana.
Apesar do contexto histórico, especialistas permanecem cautelosos em prever o curso da política comercial dos EUA no segundo mandato de Trump. “Primeiro, precisamos ver se Trump implementará as 100 medidas que ele prometeu para o dia da posse. Depois, devemos analisar essas ações. Sem detalhes concretos, é difícil avaliar o impacto direto no agronegócio,” afirmou Marcello Brito, professor e coordenador técnico da Fundação Dom Cabral Agroambiental.
Brito não prevê rupturas imediatas no comércio agrícola entre Brasil e EUA. Em 2024, os EUA foram o segundo maior importador de produtos agrícolas do Brasil, com importações subindo 23% ano a ano, para US$ 12,1 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura. O café verde liderou, com vendas crescendo 67,6%, alcançando US$ 765 milhões.
“É improvável que os EUA imponham tarifas sobre o café brasileiro ou outros produtos essenciais sem alternativas viáveis,” observou Brito. “Novas tarifas provavelmente afetariam produtos com impacto mínimo na demanda doméstica dos EUA.”
O gráfico abaixo mostra o padrão de embarques brasileiros de grãos de café em contêineres para os EUA entre janeiro de 2021 e novembro de 2024. Esses dados foram derivados do DataLiner.
Exportações de grãos de café para EUA | Jan 2021 – Nov 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Brito também sugeriu que uma nova guerra comercial entre EUA e China pode não criar as mesmas oportunidades para o Brasil como em 2018. “Na última vez, o agronegócio brasileiro se beneficiou devido a uma lacuna significativa no mercado chinês. Esse cenário dificilmente se repetirá. Não há mais espaço para um crescimento expressivo das exportações,” explicou.
As condições do mercado global também mudaram desde 2018, limitando os impactos potenciais de medidas comerciais agressivas dos EUA. “Trump agora opera em um mundo geopoliticamente diferente,” acrescentou Brito. “Distúrbios geopolíticos, como guerras, já estão precificados, e o comércio global se ajustou a isso.”
Chris Trant, chefe de agricultura na consultoria americana HedgePoint Global Markets, acredita que o Brasil manterá sua dominância na cadeia de fornecimento de grãos da China, independentemente das políticas dos EUA. Em 2023, a China importou 105 milhões de toneladas de soja, das quais 75% vieram do Brasil.
“Tarifas propostas podem criar volatilidade de curto prazo no mercado de grãos, mas os agricultores americanos agora dependem menos da China devido à forte demanda doméstica,” disse Trant. “Enquanto isso, a China diversificou seus fornecedores e depende fortemente do Brasil. Uma questão crítica será se Trump reduzirá o apoio a biocombustíveis e energia renovável, o que pode impactar a demanda por culturas como o milho.”
Tiago Medeiros, diretor da Czarnikow no Brasil, destacou o potencial das políticas energéticas de Trump em influenciar o mercado de grãos. “Se Trump priorizar a autossuficiência energética dos EUA, poderemos ver aumentos na exploração de petróleo e na produção doméstica de etanol, especialmente na Califórnia,” afirmou. O milho, matéria-prima-chave para a produção de etanol nos EUA, pode sofrer mudanças na demanda devido a essas políticas.
Embora permaneçam incertezas sobre as especificidades das políticas comerciais e energéticas de Trump, os especialistas concordam que o agronegócio brasileiro deve se adaptar rapidamente a um cenário geopolítico e econômico em constante evolução.
Fonte: Valor International
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