Alta de lockdowns na China fecha portos e empresas
jan, 12, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202202
Com a disseminação da covid-19 pela China, grandes empresas estão fechando fábricas, portos estão lotados e falta mão de obra, com as autoridades impondo lockdowns nas cidades e ordenando testes em massa em uma escala que não se via há quase dois anos.
A perspectiva de seguidas paralisações na segunda maior economia do mundo, que tem uma estratégia de tolerância zero no combate à pandemia, está intensificando os temores de que essas rupturas irão afetar a economia mundial. Empresas como Samsung Electronics, Volkswagen e uma fornecedora da Nike e da Adidas já sentem os efeitos na produção devido a alta de lockdowns na China.
Desde o fim de dezembro, as autoridades tomaram medidas para combater surtos em várias cidades chinesas, como Tianjin no leste do país, Xi’an na região central, e o centro de tecnologia de Shenzhen, no sul. Ningbo-Zhoushan, que fica ao sul de Tianjin e é o terceiro terminal de contêineres mais movimentado do mundo, pode ver uma piora nos atrasos acumulados por causa das restrições a operações de transporte e armazenagem de cargas impostas após mais de duas dúzias de casos de covid-19 confirmados nos arredores.
As autoridades chinesas têm usado a mesma estratégia que foi bem-sucedida em reduzir os surtos iniciais da pandemia e causou paradas intermitentes nas cadeias de produção e fornecimento.
Avaliação segundo economistas
Economistas alertam que desta vez as consequências podem ser mais graves, em razão da natureza altamente contagiosa da variante ômicron, detectada em algumas áreas da China. A cepa atinge o país no momento em que Pequim tenta conter surtos prévios a Olímpiada de Inverno, com início marcado para 4 de fevereiro.
“O risco da ômicron é o de que podemos dar um grande passo para trás em termos de gargalos nas cadeias de fornecimento”, disse Frederic Neumann, chefe de Pesquisa de Economia Asiática do HSBC. “Desta vez a situação pode ser ainda mais desafiadora do que no ano passado, dado o papel cada vez mais significativo da China no fornecimento mundial.”
Vários economistas disseram que a China pode intensificar a política de confinamento e alguns veem o risco um lockdown nacional, algo que não ocorre desde abril de 2020. Na terça, o Goldman Sachs rebaixou a previsão de crescimento da China em 2022 para 4,3%, de 4,8%, citando os recentes fatos relacionados à covid-19.
Perspectivas de mercado
A Toyota informou que as operações em sua fábrica em Tianjin foram paralisadas na segunda e na terça porque testes em massa foram impostos para toda a cidade. Cerca de 14 milhões de moradores de Tianjin, um centro industrial que responde por 1,7% das exportações chinesas, tiveram de fazer o teste após a detecção de dois casos de ômicron.
O executivo-chefe da Volkswagen na China, Stephan Wöllenstein, também informou na terça o fechamento de uma fábrica da empresa na cidade. A montadora já tinha fechado uma fábrica em Ningbo, após um breve surto.
“Temos monitorado cuidadosamente o que ocorre lá porque a ômicron tem o potencial de alterar significativamente o cenário na China em comparação com 2020 e 2021”, afirmou Guillaume Faury, executivo-chefe da Airbus na segunda-feira. Ele disse que até agora não houve interrupções de fornecimento no país, nem mesmo em Tianjin, onde a empresa opera uma linha de montagem final de aeronaves.
Desde o início da pandemia, consumidores e varejistas ocidentais tornaram-se mais dependentes da China para produtos que vão de bicicletas a notebooks, e o superávit comercial da China deve atingir um recorde em 2021, em termos de valor. Segundo Neumann, o risco é que “nos próximos meses soframos a ‘maior de todas as rupturas na cadeia de fornecimento’: uma paralisação das fábricas da Ásia pela ômicron”.
Fonte: Valor Econômico
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