América do Sul e UE correm para fechar acordo comercial pré-Cúpula do Mercosul
dez, 04, 2024 Postado porDenise VileraSemana202446
O bloco comercial do Mercosul se reunirá no Uruguai nesta quinta-feira (5 de dezembro), com a possibilidade de usar o evento para anunciar um acordo comercial muito aguardado com a União Europeia, após negociações de última hora para finalizar os detalhes.
O acordo, apoiado pela maioria dos países sul-americanos e incentivado pela Alemanha e Espanha, enfrenta forte oposição da França devido a preocupações com as importações agrícolas para a Europa, que poderiam afetar o setor agrícola francês.
Fontes diplomáticas e governamentais disseram à Reuters que negociadores de todas as partes se reuniram no Brasil na semana passada, com planos para que delegações viajassem a Montevidéu caso o acordo fosse fechado durante as discussões virtuais desta semana.
Isso poderia até levar a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a participar da cúpula de 5 a 6 de dezembro na capital uruguaia, segundo fontes europeias. No entanto, a maioria alerta que é improvável que algo seja assinado. Uma fonte afirmou que a chefe da UE reservou uma passagem de avião, por precaução.
“A última rodada de negociações terminou com avanços importantes”, disse Mauricio Lyrio, secretário de assuntos econômicos do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, na segunda-feira (2 de dezembro). “Estamos esperançosos. Questões pendentes estão sendo submetidas aos líderes para conclusão.”
Bernd Lange, social-democrata alemão que preside o comitê de comércio do Parlamento Europeu, disse na terça-feira que a situação interna na UE é o principal obstáculo para o acordo, e a decisão sobre a viagem desta semana ainda é incerta.
Estão discutindo no 13º andar (escritório da presidente da Comissão) se levam as malas e vão para o aeroporto ou não. É um pouco complicado”, disse Lange durante uma coletiva.
Em negociação há mais de duas décadas, o acordo comercial tem sido adiado devido a preocupações europeias sobre a concorrência agrícola, enquanto Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, grandes produtores de soja, milho e carne bovina, criticam o protecionismo europeu.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse na semana passada que as negociações estavam ocorrendo diretamente com Von der Leyen, enquanto uma nova rodada de conversas presenciais acontecia no Brasil. Ele demonstrou confiança de que o acordo será concluído ainda este ano.
No entanto, outros manifestaram ceticismo. “Se Ursula for a Montevidéu, será para mostrar o compromisso da UE em concluir o acordo, mas ele não será assinado”, disse um diplomata europeu em Brasília.
Outro diplomata no Uruguai comentou: “Ainda acho que isso não levará a lugar algum.”
ACORDO OU NÃO?
Paris tem tentado convencer outros membros da União Europeia (UE) a formar uma minoria de bloqueio. Recentemente, a Polônia se juntou à oposição. No entanto, para travar o acordo, a França precisa do apoio de pelo menos três países que juntos representem mais de 35% da população da UE.
Por outro lado, países como Alemanha e Espanha lideram uma coalizão de 11 Estados-membros a favor do pacto. Eles buscam novos caminhos comerciais para reduzir a dependência da China e proteger os membros das tarifas comerciais planejadas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
Um acordo entre a UE e o Mercosul foi inicialmente alcançado em 2019, mas nunca ratificado devido a exigências europeias relacionadas ao desmatamento e mudanças climáticas. Alguns oficiais temem que isso possa ocorrer novamente, mesmo se um texto final for acordado agora.
“Embora vamos aplaudir se algo for assinado em Montevidéu esta semana, vamos ver quando isso realmente entra em vigor”, disse Ignacio Bartesaghi, da Universidade Católica do Uruguai.
Uma versão final e juridicamente vinculante do acordo também precisará ser cuidadosamente revisada e traduzida para cerca de duas dúzias de idiomas antes de ser formalmente assinada, explicou o negociador brasileiro Mauricio Lyrio. Esse processo ainda pode levar meses.
A ESTREIA DE MILEI NA ARGENTINA
A cúpula de Montevidéu deverá marcar a estreia de Javier Milei, presidente libertário da Argentina, em um evento do Mercosul. Milei tem feito ameaças veladas de retirar o país do bloco caso não obtenha a liberdade de firmar acordos comerciais bilaterais fora do Mercosul, incluindo com os Estados Unidos.
Assim como o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou, que está de saída, Milei defende maior flexibilidade no bloco. Sob Lacalle Pou, o Uruguai iniciou negociações formais para um acordo de livre comércio com a China, uma iniciativa que o próximo presidente uruguaio pode não dar continuidade.
Diplomatas indicam que as negociações do acordo UE-Mercosul podem influenciar a abordagem de Milei em relação ao grupo. Caso o acordo avance, o conselheiro de política externa do Uruguai, Ignacio Bartesaghi, acredita que isso enfraqueceria os argumentos de Milei para abandonar o Mercosul, ao demonstrar a capacidade do bloco de alcançar resultados. “Um acordo fortalece o argumento para manter o grupo unido, compra tempo e acalma Milei”, afirmou Bartesaghi. Por outro lado, se o pacto fracassar, isso poderia reforçar os argumentos de Milei.
Fonte: Reuters
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