Aço e Alumínio

Após medidas do governo, siderúrgicas revisam projeções

jun, 25, 2024 Postado porGabriel Malheiros

Semana202426

A decisão do governo federal de estabelecer cotas para importação de 11 tipos de produtos siderúrgicos, com alíquota de 25% sobre o volume excedente, trará melhorias, ainda que moderadas, para a indústria brasileira no decorrer do segundo semestre, avalia o Instituto Aço Brasil.

Embora as importações ainda tenham crescido até maio, em meio ao excesso de oferta no mercado mundial e às práticas de concorrência desleal adotadas por alguns países produtores, a expectativa da entidade setorial é que a partir da adoção das medidas, neste mês, 1,5 milhão de toneladas deixem de ser importadas no ano.

“Não é o melhor [acordo], nem aquele que queríamos inicialmente. Mas acreditamos que é um acordo que, funcionando, já vai melhorar muito a situação da indústria do aço no Brasil”, disse o presidente do conselho diretor do Aço Brasil e presidente da ArcelorMittal Brasil, Jefferson De Paula.

De janeiro a maio, as importações de produtos siderúrgicos subiram 26,4%, para 2,3 milhões de toneladas, enquanto a produção nacional teve leve alta de 0,6% e 13,6 milhões de toneladas. Em todo o ano passado, as importações somaram 5 milhões de toneladas, a maior parte com origem na China, 50% acima do visto em 2022, e a produção doméstica encolheu 6%.

De acordo com o presidente executivo da entidade, Marco Polo de Mello Lopes, o acréscimo de 30% à média das importações de produtos siderúrgicos entre 2020 e 2022 para definição das cotas não era exatamente o que buscava a indústria brasileira. “A cota é generosa, além daquilo que achávamos que tinha de ser dado para regularizar o mercado, por causa desse delta de 30%”, afirmou.

Representantes do setor vão se reunir na próxima semana com o governo para discutir os resultados da medida até o momento e eventuais correções, se necessárias – a indústria já detectou, por exemplo, um avanço nas importações de vergalhões, que não estão contemplados na lista inicial de produtos sujeitos às cotas.

Ainda assim, haverá ganhos e as siderúrgicas revisaram para cima as previsões para 2024. Agora, projetam expansão de 0,7% na produção de aço, a 32,2 milhões de toneladas, contra estimativa anterior de queda de 3%. Para as importações, a projeção, que ao fim de 2023 era de crescimento de 20%, passou para queda de 7%, a 4,7 milhões de toneladas. Já as vendas internas devem crescer 2,5%, para 20 milhões de toneladas, contra previsão inicial de retração de 6%.

Conforme De Paula, o consumo de aço não teve crescimento importante nos primeiros meses do ano, mas é possível que, em base acumulada, encerre 2024 com expansão de 1% a 3%. Essa leitura leva em conta o bom desempenho da construção civil, com mais obras no Minha Casa, Minha Vida e a retomada de lançamentos imobiliários, e o mercado automotivo, de leves e pesados, mais aquecido.

A expectativa é que, com o reflexo das medidas no mercado doméstico, o setor gradualmente reduza a ociosidade e mantenha o pacote de investimentos programados de R$ 100 bilhões para os próximos cinco anos. Questionado sobre aumentos de preço do aço no mercado interno, que já começaram a ser anunciados, o comando da associação recorreu à economia de mercado.

“Não foi dito que não haveria aumento de preços. Uma coisa era a alegação de setores consumidores de que a indústria queria alavancar preços. Especulação de preços não está no radar, mas numa economia de mercado, as empresas terão de fazer ajustes”, disse Marco Polo.

Uma comprovação de que as usinas brasileiras seguem o mercado internacional, conforme o Aço Brasil, é a queda de 12,7% no preço doméstico das bobinas a quente de janeiro de 2023 a meados de junho deste ano, em linha com o praticado em outros países.

“Nesses dez meses [de conversas com o governo], falou-se muito sobre preço. Mas o preço é definido pelo mercado e foi acordado que nossos preços serão os de mercado”, reiterou De Paula.

Diante do avanço do importado a partir do fim de 2022, a indústria pleiteava junto ao governo alguma iniciativa de defesa comercial. Em fevereiro deste ano, o Aço Brasil pediu a adoção do sistema de cota-tarifa para 18 tipos (NCMs) de produtos siderúrgicos e conseguiu para 9 deles. Duas NCMs referentes a tubos foram aprovadas também.

Agora, disse Marco Polo, a indústria e o governo estão monitorando outras 27 NCMs para evitar que as importações de produtos parecidos, e fora da lista sujeita a cotas, tentem driblar as regras.

Fonte: Valor Econômico

Clique aqui para ler a matéria original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/06/19/apos-medidas-do-governo-siderurgicas-revisam-projecoes.ghtml

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