Após Santos Brasil, CMA CGM buscará novas aquisições

A CMA CGM afirmou que vai buscar mais aquisições, apesar do espectro de impostos mais altos sobre grandes empresas em seu mercado doméstico, enquanto o grupo francês de transporte marítimo anunciava um investimento de US$ 1,1 bilhão em uma operadora de terminal portuário brasileira.

Com liquidez em caixa, a CMA CGM, terceiro maior grupo de transporte marítimo do mundo, tem se expandido para novas áreas, como logística e mídia, e na segunda-feira informou que havia concordado em adquirir uma participação de 48% na Santos Brasil, com o objetivo de, por fim, assumir o controle do grupo.

O acordo segue um período de forte crescimento para a CMA CGM, o que a tornou um alvo dos políticos na França, incluindo a extrema direita. O partido Rassemblement National, de Marine Le Pen, fez campanha para acabar com as isenções fiscais para grupos de transporte marítimo no período que antecedeu as recentes eleições na França, enquanto o recém-empossado premiê Michel Barnier abriu a porta para arrecadações sobre grandes empresas para tentar corrigir as finanças públicas em dificuldades.

Rodolphe Saadé, CEO da CMA CGM, sediada em Marselha, disse que o grupo ainda precisava buscar o crescimento a longo prazo e que pagaria impostos inesperados na França se fosse necessário.

“Somos uma empresa familiar, estamos olhando para o longo prazo”, disse Saadé aos repórteres após o acordo brasileiro. A CMA CGM vai comprar uma participação inicial na Santos Brasil, cujos ativos incluem o maior terminal de contêineres da América do Sul, no porto de Santos, antes de lançar uma oferta pública de aquisição para as ações restantes, em uma transação de mais de US$ 2 bilhões no total.

“Entendo que há dificuldades políticas na França, mas nosso objetivo é o futuro, é o investimento de longo prazo”, acrescentou. “Se o governo decidir que vai haver uma contribuição excepcional a ser feita pelas grandes empresas (na França), vamos assumir nossa parte.”

Ele alertou, no entanto, que qualquer mudança para o chamado imposto sobre a tonelagem na França seria punitiva, já que os rivais da CMA CGM na Dinamarca e na Suíça desfrutavam de um regime favorável semelhante.

“Se a França optar por isso, vai nos colocar em desvantagem em relação aos nossos rivais europeus”, disse Saadé.

O sistema, baseado na tributação da tonelagem líquida de uma frota de embarcações, ajuda a proteger as empresas marítimas em épocas voláteis, quando a demanda diminui, mas é vantajoso por ser geralmente mais baixo que as alíquotas de impostos corporativos.

Saadé disse que sua meta para a CMA CGM era “continuar a fazer a empresa crescer”, inclusive por meio de aquisições quando surgisse a oportunidade. O grupo se ramificou ainda mais na mídia com a compra do canal de TV BFM neste ano, consolidando o novo status de Saadé como um dos bilionários do setor na França. A logística também se tornou uma parte maior do portfólio e dos lucros do grupo.

Com o acordo brasileiro, a CMA CGM terá acesso a três terminais portuários de contêineres, além de outros ativos.

Os preços do frete caíram em relação às altas registradas durante a pandemia de covid-19, que se mostrou uma bonança para os grupos de transporte marítimo, embora os bloqueios nas rotas do Mar Vermelho neste ano tenham sustentado os preços, e a demanda tenha se mostrado forte.

Saadé alertou que 2025 provavelmente será um ano mais difícil para o setor, pois mais pedidos de navios serão entregues, criando uma capacidade extra que pode não ser preenchida. “2025 será mais complicado, mas não porque a economia mundial esteja desacelerando”, disse.

Fonte: Valor Econômico

Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/09/24/apos-santos-brasil-cma-cgm-buscara-novas-aquisicoes.ghtml

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