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Argentina já exporta farelo de soja rastreável para a UE

mar, 01, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202409

A Argentina foi o país que saiu na frente na corrida para entregar à União Europeia uma soja com a garantia de ser livre de desmatamento recente. Nas últimas semanas, os argentinos exportaram pela plataforma Visec três cargas de farelo de soja com procedência totalmente rastreável. Até o segundo semestre, toda a cadeia da oleaginosa no país vai utilizar a plataforma.

Os argentinos já embarcaram 46 mil toneladas de farelo de soja, oriundas de mais de 570 unidades de produção. As tradings Bunge, Viterra e LDC operaram os embarques, considerados ainda piloto dentro da plataforma.

A Visec foi desenvolvida para que toda a cadeia de soja da Argentina, que abrange 68 mil produtores rurais, utilize a mesma ferramenta para atender aos requisitos europeus. A estratégia é uma forma de reduzir o custo da rastreabilidade para o setor.

As operações que ocorreram até agora vão nos ajustes finais no software, segundo Gustavo Idigoras, presidente da Câmara da Indústria de Óleos Vegetais da Argentina (CIARA). “A partir de abril, vamos carregar imagens de satélite dos mais de 60 mil produtores, que vamos revisar anualmente para verificar o cumprimento da regra europeia e da lei argentina de proteção de florestas”, afirmou. O plano, conta ele, é assegurar o acesso a todos os agentes da cadeia até o fim do primeiro semestre.

A Visec poderá ser acessada por importadores e por auditores externos. Eles deverão emitir certificados atestando a conformidade das cargas com a regra europeia, que veda importação de várias commodities produzidas em áreas desmatadas após 2021. As próprias autoridades europeias também poderão ter acesso à ferramenta, relata Idigoras.

A plataforma rastreia inclusive a soja fornecida indiretamente, por meio de intermediários, como cooperativas. Segundo Idigoras, a ferramenta garante confidencialidade dos dados dos produtores e só divulgará imagens de satélite das propriedades e se houve ou não desmatamento. Em caso de identificação de desmatamento que não estiver de acordo com a regra europeia ou a lei argentina, o próprio sistema bloqueia a comercialização da soja.

A ferramenta foi desenvolvida em conjunto por CIARA, The Nature Conservancy (TNC) e Tropical Forest Alliance (TFA), com suporte do Land Innovation Fund, apoiado pela Cargill e gerenciado pela Chemonics Internacional.

O foco da plataforma é o Gran Chaco. O bioma, que abrange áreas do cone sul da América do Sul, especialmente na Argentina e no Paraguai, perdeu 14 milhões de hectares de cobertura vegetal nativa nos últimos 40 anos.

A Argentina é o primeiro país entre os grandes agroexportadores a criar uma solução conjunta para o agro local para atender à regra europeia antidesmate, que entrará em vigor em 30 de dezembro. No Brasil, as soluções desenvolvidas até agora são privadas, diz André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Apesar da diferença, ele não acredita que a Visec dê à Argentina uma “vantagem competitiva” em relação ao Brasil. “Aqui, as empresas estão mais preparadas, até por terem que cumprir com a Moratória da Soja”, que exige o rastreio do grão da Amazônia, lembra Nassar.

O maior desafio de rastreabilidade no Brasil, porém, está no Cerrado, onde ainda existem áreas legalmente passíveis de desmatamento, sobretudo no Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), e que escoam soja para todos os portos do país, tanto no Centro-Sul como no Arco Norte.

Na Argentina, o embarque de soja do Gran Chaco não ocorre nos mesmos portos que escoam a soja das demais regiões. A Visec também foi desenvolvido para rastrear a cadeia da carne bovina e couros no bioma. O plano é que o software esteja disponível ao segmento até o fim do ano.

Segundo Nassar, a tendência para a cadeia de soja no Brasil é que as tradings adotem a lógica de “corredores de exportação”, dedicando terminais nos portos apenas para receber cargas adequadas à regra da UE.

Nos Estados Unidos, as soluções de rastreabilidade da soja para atender a UE também tendem a ser diferentes para cada empresa. Recentemente, a ADM embarcou 64 mil toneladas de soja americana totalmente rastreável à Europa. A trading fez o rastreio via certificação International Sustainability & Carbon Certification (ISCC), desenvolvido pelas autoridades europeias.

Fonte: Globo Rural

Clique aqui para ler o texto original: https://globorural.globo.com/especiais/fazenda-sustentavel/noticia/2024/03/argentina-ja-exporta-farelo-de-soja-rastreavel-para-a-ue.ghtml

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