Argentina teme escassez com redução de importação
jun, 29, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202226
A política do governo da Argenina de limitar importações para economizar dólares já provoca escassez de alguns produtos básicos, como o café. As novas restrições anunciadas no último dia 27 podem afetar o abastecimento de outros produtos, como a erva-mate.
O risco de desabastecimento, alertam os especialistas, deve aumentar o preço dos produtos, alimentando a inflação – outro problema crônico da Argentina, que acumulou em maio uma alta anual de preços ao consumidor de 60,7%, o maior valor em 30 anos.
A Câmara Argentina do Café, por exemplo, vem desde março tentando ampliar a cota de dólares liberada para a compra do produto desde março, quando os estoques já estavam baixos. No caso do mate, a seca em Corrientes causou uma quebra da safra, que obrigaria as empresas a comprar uma quantidade maior do produto do Paraguai e do Brasil, mas o governo não liberou os dólares.
O governo argentino anunciou no dia 27 novas restrições ao acesso ao mercado de câmbio, que afetam principalmente grandes empresas e importadores de artigos de luxo. Mas o governo argentino já vinha colocando travas às importações há algum tempo.
“Há tempos o governo vem impondo custos cada vez maiores para as importações, mas a ideia generalizada é a de que sempre é possível controlar cada vez mais”, disse o analista Nicolás Alonzo, economista da consultoria Orlando Ferreres e Associados. “Cada vez mais ampliam os custos e barreiras tarifárias para as importações”, afirmou.
O maior distribuidor de equipamentos da multinacional Apple do país não conseguiu dólares para finalizar o pagamento de produtos já recebidos, e terá que negociar a quitação da dívida diretamente com a empresa, informou o jornal argentino “La Nación”. Um levantamento do diário mostrou que o impacto das restrições também é grande no setor de construção civil, com algumas construtoras já relatando a falta de peças para manutenção de caminhões, pneus, alumínio, silicone e ar-condicionado.
O Banco Central da República Argentina (BCRA) justifica as restrições sob a alegação de que precisa segurar os dólares de suas reservas para “responder às necessidades extraordinárias de divisas estrangeiras, para atender às importações de energia, a fim de sustentar o crescimento econômico e o desenvolvimento das pequenas e média empresas”.
O controle do governo e as demais incertezas que cercam a economia do país, porém, têm alimentado a disparada do dólar. O dólar blue (paralelo) chegou ontem à cotação recorde de 239 pesos, na terceira alta diária consecutiva. No mês, o peso se desvalorizou 15% no mercado paralelo, elevando o spread com a cotação oficial para acima de 90%.
Diante da escalada do dólar, o governo conseguiu rolar no dia 28 250 bilhões de pesos em bônus indexados à inflação e outros títulos de dívida. Apesar do alívio, as dúvidas quanto à capacidade do governo se financiar persistem.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o texto original completo acesse: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/06/29/argentina-teme-escassez-com-reducao-de-importacao.ghtml
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