Ataques no Mar Vermelho afetam principalmente cadeias do setor automobilístico
jan, 24, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202404
As montadoras, que já estão com problemas na cadeia de abastecimento por conta da transição energética, enfrentam novas perturbações devido aos problemas de segurança no Mar Vermelho à medida que os navios de transporte do setor automobilístico são redirecionados, alertam executivos do setor de transporte marítimo.
Lasse Kristoffersen, CEO da Wallenius Wilhelmsen de Oslo, e Georg Whist, CEO da Gram Car Carriers, fizeram o alerta após duas operadoras japonesas — NYK Line e K Line — terem suspendido a navegação via Canal de Suez em virtude dos contínuos ataques do houthis no Mar Vermelho na semana passada.
A decisão das duas companhias significa que quase todas as grandes operadoras marítimas de transporte de automóveis agora estão optando rota mais longa entre Áisa e Europa, que contorna a África por meio do Cabo da Boa Esperança na África do Sul. A mudança acrescenta de sete a dez dias ao tempo normal da viagem de cerca de quatro semanas entre Xangai e o norte da Europa, reduzindo ainda mais a capacidade já apertada nessa rota comercial crucial.
Esses navios, em forma de caixa e que podem transportar milhares de veículos, são vitais no transporte de automóveis fabricados no Japão, China e Coreia do Sul para o importante mercado europeu.
Segundo o grupo de serviços de transporte marítimo Clarksons, os embarques de automóveis por longa distância aumentaram 17% ao ano em 2023, em grande parte devido ao grande aumento das exportações da China. Isso acontece após que um grande número de transportadoras terem falido durante a crise do setor de 2020 por conta da pandemia.
Kristoffersen, cuja companhia opera 128 navios de transporte de automóveis, disse que a frota mundial de 766 embarcações foi “esgotada” antes mesmo dos desvios, o que significa que toda a capacidade disponível já estava em uso. Isso já vinha restringindo a movimentação de veículos antes mesmo da mais nova crise — um problema que os desvios para uma rota mais longa só irão agravar.
A distância extra significa mais uma dor de cabeça às montadoras, uma vez que a Wallenius Wilhelmsen vai transportar menos veículos anualmente do que se estivesse usando a rota do Mar Vermelho. Isso vai agravar mais os problemas de um mercado que já sofre com uma capacidade insuficiente.
Whist, cuja companhia tem 18 navios de transporte de automóveis, disse que a rota da África reduzirá a capacidade efetiva da frota de 5% a 6%. Antes mesmo dos desvios, disse ele, os fabricantes vinham recorrendo a meios não convencionais para transportar veículos, como colocá-los em navios de transporte de contêineres ou nos porões de navios concebidos para transportar commodities sólidas a granel.
Há poucas perspectivas imediatas de que o setor automobilístico retornem à rota tradicional via Mar Vermelho, enquanto os ataques persistirem. Kristoffersen rejeitou a ideia de navegar pela área de risco com escolta naval de proteção, como a operadora francesa de contêineres CMA CGM vem fazendo.
“O princípio é que não voltaremos até achar que haverá um trânsito seguro e achamos que com a ameaça atual no Iêmen, nenhuma proteção militar será suficiente”, afirmou Kristoffersen.
Ele comparou a capacidade dos houthis — que capturaram o navio Galaxy Leader em novembro usando um helicóptero — com a ameaça mais primitiva representada pelos piratas somalis. “Isso é uma capacidade militar, obviamente com muito boa inteligência, com meios militares, mísseis”, disse Kristoffersen sobre os houthis. “É muito difícil se proteger deles”.
As operadoras têm 185 novos navios encomendados a estaleiros, segundo a Clarksons. Mas as entregas deste ano deverão aumentar a capacidade da frota apenas em 7%.
Stephen Gordon, diretor-gerente de pesquisa da Clarksons, disse que normalmente cerca de 25% das movimentações globais de automóveis por vias marítimas de longa distância passam pelo Canal de Suez. Sua empresa estima que de todos os segmentos do transporte marítimo, só o de contêineres está sofrendo maiores perturbações como resultado dos problemas no Mar Vermelho.
No entanto, os desafios para as operadoras de navios de transporte de automóveis são basicamente diferentes dos das linhas de transporte de contêineres porque já havia um excesso mundial de navios de contêineres antes da mais nova crise. As linhas de navios de contêineres conseguiram reativar navios ociosos para atender a demanda extra criada pela rota mais longa.
Whist disse que as montadoras acumularam estoques extras em seus principais mercados no último ano. Ele acredita que os estoques diminuirão com o atraso na chegada de novos veículos da Ásia.
“Acredito que haverá uma combinação de menos serviços devido às distâncias mais longas, mas também de algum trabalho nos estoques para atender a demanda dos clientes”, afirmou Whist sobre os prováveis efeitos à montadoras.
Fonte: Valor Econômico
Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2024/01/23/ft-ataques-no-mar-vermelho-afetam-principalmente-cadeias-do-setor-automobilstico.ghtml
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