Aumento de quase 20% na safra em São Paulo acende alerta logístico no Porto de Santos
jul, 27, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202230
A expectativa do aumento de quase 20% na safra agrícola paulista em 2021/2022, em comparação com o período 2020/2021 e revelada neste mês pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), acende um sinal amarelo na logística de escoamento de produção até o Porto de Santos e na capacidade de expansão dos terminais portuários no médio e longo prazos.
Apesar de as operações portuárias não serem foco de preocupação de especialistas do setor atualmente, alguns gargalos podem exigir mais atenção na chegada ao maior complexo portuário do País e especialistas em logística e infraestrutura já miram o futuro.
Com a produção agrícola paulista avaliada em 10,33 milhões de toneladas, a estimativa é que a atual safra tenha alta de 19,53% em relação à última, segundo o relatório apresentado pela Faesp, que teve como base o 10º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso porque a área plantada com grãos no Estado soma 2,52 milhões de hectares, o que corresponde a quase 5% a mais que o ciclo 2020/2021 – milho, algodão e amendoim são os destaques.
O engenheiro civil e mestre em Engenharia de Transportes pelo Instituto Militar de Engenharia Luis Claudio Montenegro entende que o setor portuário tem capacidade para absorver essa alta de quase 20%, mas acende a luz amarela para o longo prazo.
“Eu tenho dito que o principal aspecto que vai definir nossa competitividade em logística é a capacidade do nosso sistema logístico. Hoje, nós estamos com capacidade no limite (nos complexos portuários) e olhando para a logística do Porto de Santos, isso fica um pouco mais preocupante”, explica.
Momento de investir
Na prática, isso significa que é preciso investir ao atingir certo nível de ocupação da capacidade total. “Quando falamos em Porto ou terminal, quando se chega em torno de 60% da capacidade utilizada, é preciso expandir. Esse raciocínio nos leva à conclusão de que nós temos que simplificar segurança jurídica e diminuir as incertezas e burocracia para favorecer investimentos, essenciais na logística”, resume Montenegro.
O consultor sênior e business partner de infraestrutura e agronegócios da GO Associados, Maurício Sampaio, também não crê em grandes problemas no setor portuário “nos próximos quatro meses” e atribui isso aos investimentos em capacidade e produtividade nos portos, que proporcionam volume recorde de exportação.
Porém, reconhece que gargalos pontuais podem existir na logística de caminhões. “Ainda assim, estamos em uma situação controlada, pois uma parte (dos gargalos) pode ser compensada pelo aumento do carregamento em ferrovia”.
Filas
De acordo com Montenegro, a utilização da capacidade próxima ao limite gera formação de filas. “Não é um problema impactante que pare as exportações ou impeça nosso crescimento num dado momento, mas é uma fila crônica que fica e vai gerando prejuízos no longo prazo”.
Ele diz que bilhões de reais correm o risco de ser “desperdiçados” em filas. “O aumento de 19,53% vai gerar superfila de caminhões ou navios? Não, mas talvez amplie essa fila crônica que temos. Para evitar que essas flutuações sejam um problema, temos que estar sempre à frente do tempo, com a capacidade calculada para muitos anos”.
Para isso, é necessário olhar a questão com planejamento de médio e longo prazos, mas a insegurança jurídica existente diminui o interesse de investidores no País. “Na minha opinião, acende uma luz amarela para o nosso olhar sobre o nosso modelo regulatório de segurança jurídica, para evitar que uma dada insegurança afaste investimentos, pois tudo que nós estamos precisando é de investimento”.
Fonte: A Tribuna
Para ler o texto original completo acesse: https://www.atribuna.com.br/noticias/portomar/aumento-de-quase-20-na-safra-em-sao-paulo-acende-alerta-logistico-no-porto-de-santos
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