Autopeças pedem rigor na fiscalização de itens importados
jul, 05, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202426
A mobilização de montadoras pela antecipação da cobrança da alíquota máxima de Imposto de Importação sobre carros elétricos e híbridos ganhou reforço na última semana. Representantes da indústria de autopeças foram levar a preocupação a Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. As autopeças pedem a criação de mecanismos para evitar a entrada pelo regime ex-tarifário, de impostos reduzidos, de componentes que já são produzidos no Brasil.
O regime de ex-tarifário prevê redução temporária do Imposto de Importação para produtos sem similar no país. Mas, segundo o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes (Sindipeças), Claudio Sahad, se a importação envolve um conjunto de peças, por exemplo, não há hoje como verificar se todos os itens que fazem parte daquele conjunto não podem ser comprados no país. O Sindipeças ofereceu ao governo suporte para esse tipo de ação.
Segundo Sahad, a quantidade de itens do setor na lista dos ex-tarifários saiu de 100, em 2010, para 3 mil em 2021 e, hoje, está em 8,5 mil. O setor defende, ainda, prazo para os produtos serem contemplados pelo ex-tarifário. “Somente colocando prazos vamos conseguir estimular o desenvolvimento e produção no país”, diz.
O dirigente diz que o setor espera que, com o tempo, as fábricas de marcas chinesas que anunciaram planos de produzir no Brasil, como é o caso da BYD e GWM, nacionalizem a produção. Inicialmente, os veículos serão montados com kits de peças trazidos da China. “Podemos atrair fabricantes de baterias, principalmente para os híbridos que serão fabricados no Brasil”.
No último dia 03, à tarde, Alckmin colocou a equipe do MDIC na reunião com o Sindipeças. Além das queixas relacionadas às peças ouviu da entidade, que representa mais de 500 empresas, o pedido para não apenas antecipar a elevação do Imposto de Importação dos carros híbridos e elétricos como estudar a possibilidade de elevar ainda mais a alíquota para esses veículos. “Estamos em um novo contexto mundial; a Europa aumentou o imposto dos carros elétricos importados em 48%”, diz.
Desde janeiro, está em vigor o aumento gradual do Imposto de Importação para esses veículos. Neste mês, a alíquota dos puramente elétricos passou para 18% e a dos híbridos para 20%.
O escalonamento segue até julho de 2026, quando o imposto chegará a 35% para todos os veículos vindos de países com os quais o Brasil não tem acordo de livre comércio, independentemente do tipo de energia usada.
No dia 04, foi a vez de os representantes das montadoras retomarem o assunto. A defesa de mecanismos para frear os chineses foi o principal tema da tradicional entrevista coletiva que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) realiza mensalmente.
Na tentativa de mostrar que não há divergências internas, a direção da entidade convidou Ciro Possobom, presidente da Volkswagen do Brasil, para também expor sua opinião.
“Se você quer vender carro aqui, vem jogar aqui”, disse Possobom, posicionado na frente da imagem de um campo de futebol, projetada no monitor da sala de reuniões da Anfavea. Segundo ele, o setor estima que 450 mil veículos serão importados em 2024. “É muito”, destacou.
O executivo defendeu que a indústria instalada no país receba estímulos para produzir internamente o que hoje vem de outros países. Destacou, ainda, que a importação cresce à medida que a exportação cai. No primeiro semestre, a venda externa de veículos somou 165,3 mil unidades, uma queda de 28,3% na comparação com a primeira metade de 2023.
“Temos que ter muito cuidado com o que está acontecendo”, destacou Possobom. “O mercado cresce, mas a produção está igual”. De janeiro a junho, foram licenciados 1,14 milhão de veículos, um aumento de 14,6% na comparação com o mesmo período de 2023. Só em junho, o crescimento das vendas alcançou 13,1% na mesma base de comparação, com 214,3 mil unidades. A média diária de vendas, de 10,7 mil unidades, voltou ao nível anterior à pandemia.
Por outro lado, a produção acumulada no semestre – 1,12 milhão de veículos – representou um avanço pequeno, de 0,5% na comparação com o mesmo período de 2023. Em junho, no entanto, o ritmo das linhas de montagem acelerou, com alta de 11,6% e 211 mil veículos.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, chamou de “alta desenfreada” o resultado das importações, que alcançaram 197,6 mil unidades no primeiro semestre. Segundo Leite, vieram da China 78% dessas importações. Em um ano, a participação de marcas chinesas no mercado brasileiro passou de 7% para 26%.
Os executivos apontaram, ainda, a perda de competitividade na América Latina, onde, segundo eles, os asiáticos entram sem pagar impostos em vários países. Segundo Possobom, metade dos veículos importados pelos vizinhos da América Latina vêm da Ásia.
Leite mostrou, logo depois, um mapa com a queda de participação do Brasil nas vendas de veículos nos países vizinhos. Em um ano, a fatia brasileira caiu de 8,9% para 5,3% no México e de 22,6% para 17% na Colômbia.
“Corremos o risco de esse impacto provocar o fechamento de fábricas no segundo semestre”, destacou o presidente da Anfavea.
No lado dos veículos comerciais, o reforço veio com o presidente da Iveco, Marcio Querichelli. Segundo ele, dois terços dos caminhões vendidos em mercados como Chile, Peru, Colômbia e Equador, são de origem asiática.
A Anfavea aproveitou o encontro para rever projeções. A entidade calcula expansão do mercado interno acima do inicialmente previsto. Em janeiro, esperava crescimento de 6,1% em 2024, num total de 2,45 milhões de unidades. A nova projeção indica 2,56 milhões, um avanço de 10,9%. A demanda aumentou com a queda dos juros, segundo os executivos.
Por outro lado, a retração na exportação provocará queda na produção. Em janeiro, a Anfavea esperava aumento de 6,2% na produção este ano, num total de 2,47 milhões. A nova projeção indica 2,440 milhões, aumento de 4,9%.
A revisão mais drástica foi nas exportações. A entidade esperava um ligeiro crescimento, de 0,7%. Mas, agora, calcula uma queda de 20,8% nos volumes embarcados, num total de 320 mil unidades.
Fonte: Valor Econômico
Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/07/05/autopecas-pedem-rigor-na-fiscalizacao-de-itens-importados.ghtml
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