Bolívia quer se aproximar da Europa atravessando a Amazônia
nov, 08, 2021 Postado porSylvia SchandertSemana202143
A Bolívia perdeu seu acesso ao mar logo no início da Guerra do Pacífico (1879-1884), quando as fronteiras foram redesenhadas e o acesso ao oceano caiu nas mãos do Chile. Nos 142 anos seguintes, a Bolívia fez várias tentativas para recuperar sua soberania marítima e acessar o Oceano Pacífico via Chile ou Peru, mas sem muita sorte.
Assim, não é à toa que a Bolívia tenha começado a olhar para o Oceano Atlântico com outros olhos desde a inauguração simbólica das operações da hidrovia Ichilo-Mamoré, realizada pelo presidente boliviano Luis Arce em 5 de julho. O projeto, segundo o governo, deve melhorar a passagem de grandes navios de carga nos rios Ichilo e Mamoré, sendo que este último flui para o Brasil, onde se conecta com outras hidrovias até chegar ao oceano.
Fonte do Mapa: Diálogo Chino
A hidrovia possui 1400 quilômetros de extensão e começa em uma seção do rio Ichilo, localizado em Cochabamba, no centro da Bolívia. Em seguida, continua ao longo do rio Mamoré, que desemboca na região amazônica de Beni, no norte do país, na fronteira com o Brasil.
A hidrovia Ichilo-Mamoré não é um projeto inteiramente novo. As primeiras obras se iniciaram já em 1970, apoiadas por uma cooperação com a agência de desenvolvimento do governo belga. A hidrovia esteve em funcionamento até o início dos anos 2000 e incluía o Rio Beni, que corre para o norte para encontrar o Rio Mamoré. As rotas eram então utilizadas para o transporte doméstico de combustível e alimentos com destino a áreas remotas. Mas tudo mudou com a construção de uma estrada ligando os departamentos de Santa Cruz e Beni em 2001, que tornou a existência da hidrovia obsoleta para as populações vizinhas e empresas de navegação.
A Federação das Entidades Empresariais de Cochabamba (FEPC) propôs a renovação da hidrovia Ichilo-Mamoré como uma rota mais vantajosa para exportar produtos para a Europa. Atualmente, a Bolívia utiliza o porto chileno de Arica, que então encaminha os produtos para o Canal do Panamá até chegar ao Oceano Atlântico.
Hoje em dia, as mercadorias que saem de Cochabamba para Lisboa, por exemplo, percorrem 12.105 quilômetros em 40 dias pelo porto de Arica. As mercadorias chegariam ao mesmo destino em apenas 28 dias caso fossem escoadas pela hidrovia Ichilo-Mamoré e tributários brasileiros. A duração total da viagem seria de 9.971 quilômetros — cerca de 2.300 quilômetros a menos.
Se estivesse totalmente operacional, a hidrovia geraria uma economia de até 25% nos custos operacionais de exportação, ou US$ 1 bilhão de dólares por ano, de acordo com informações fornecidas pela Federação de Empresários Privados do Beni (FEPB). Um estudo de 2005 do Serviço de Melhoria da Navegação da Amazônia (Semena) estimou que a revitalização da hidrovia Ichilo-Mamoré exigiria mais de 100 milhões de dólares.
A Bolívia começou a levantar os fundos necessários somente agora. Na etapa atual, o Ministério de Obras Públicas (MOPSV) orçou um pouco mais de US$800.000 para a limpeza da hidrovia e a construção de áreas complementares — como armazéns e áreas para a proteção e supervisão de obras portuárias. A segunda etapa deve focar em melhorias da infraestrutura, incluindo sinalização, conexões rodoviárias e plataformas portuárias em Puerto Villarroel, em Cochabamba, onde começa a via navegável. Uma terceira etapa deve focar no funcionamento a longo prazo da hidrovia.
Fonte: Diálogo Chino
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