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Fruta

Brasil aumenta exportações de mamão em 2024

nov, 25, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202445

As exportações de mamão do Brasil estão crescendo em 2024. É o que aponta levantamento da Associação Brasileira de Fruticultura (Abrafrutas), com base em dados do governo. Exportadores e importadores avaliam que o mamão brasileiro tem boa aceitação no mercado, superando a preferência pela oferta local, ainda que possa haver uma diferença de preços entre os produtos.

De janeiro a outubro, os embarques somaram 35,84 mil toneladas (+14,65%), com uma receita acumulada de US$ 47,79 milhões (+7,39%). No mesmo intervalo em 2023, foram 31,26 mil toneladas e um faturamento de US$ 44,5 milhões.

A principal origem do mamão brasileiro para exportação em 2024 é o Espírito Santo, com 15,85 mil toneladas de janeiro a outubro, o equivalente a uma receita de US$ 23,32 milhões. Em seguida, aparecem Rio Grande do Norte, com 11,97 mil toneladas (US$ 13,95 milhões) e Bahia, com 3 mil toneladas (US$ 4,10 milhões).

A expectativa no governo brasileiro e no setor privado é de manutenção da trajetória de crescimento até o fim do ano. Em relatório sobre o mercado de hortifrútis, divulgado no início de outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ressaltou que as exportações têm sido favorecidas pelo aumento da produção nacional.

“Para o restante do ano, são boas as expectativas, especialmente para o mamão papaya cultivado em praças capixabas, potiguares e cearenses, em um contexto de boa produção por causa dos investimentos feitos anteriormente e pela demanda externa aquecida, principalmente da Europa”, avaliou a Conab, no relatório.

Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) também avaliam o cenário atual como favorável às exportações. Marcela Barbieri, pesquisadores da área de hortifrútis, destaca que a demanda está aquecida, embora o mamão seja ainda considerado um mercado de nicho na Europa, em comparação com outras frutas, como melão, uva e maçã.

Marcela explica que, via de regra, quando os preços estão mais elevados no mercado interno, a tendência é do produtor vender volumes maiores para os clientes dentro do país. De outro lado. Se a cotação interna está mais baixa, elevar os volumes embarcados tende a se tornar mais vantajoso.

Neste ano, considerando as médias mensais do Cepea, o mamão papaya ou havaí ao produtor do norte do Espírito Santo, com volumes de 12 a 18 frutos por caixa, chegou ao pico em abril, a R$ 8,45 o quilo. Em outubro, a média foi de R$ 0,59 o quilo.

A partir de novembro, é possível que a oferta comece a diminuir e a tendência é de que os preços domésticos comecem a aumentar. Mas é uma recuperação, como se o mercado voltasse à normalidade. Quando a gente pensa na paridade, o cenário ainda é mais positivo para exportar”, analisa Lucas Bezerra, também do Cepea.

Em 2024, o principal destino do mamão brasileiro é Portugal, que comprou 10,74 mil toneladas de janeiro a outubro, o equivalente a US$ 13,93 milhões. Em seguida, aparecem Reino Unido, com 6,2 mil toneladas (US$ 8,2 milhões) e Espanha, com 5,77 mil toneladas (US$ 7,13 milhões).

Produto bem avaliado

A Doce Fruit, sediada em Linhares (ES) é uma das empresas que exportam mamão, de produção própria e fornecedores parceiros, além de prestar serviços para clientes de outras marcas. A companhia tem estrutura própria de beneficiamento, onde os frutos são higienizados, embalados e colocados em caminhões com destino aos aeroportos, de onde são enviados ao exterior.

Rodrigo Martins, CEO da Doce Fruit, afirma que o mamão brasileiro é bem avaliado pelo mercado externo. Na Europa, por exemplo, o consumidor costuma destacar o sabor e a saudabilidade do produto brasileiro. E esta percepção tem ajudado a demanda aumentar e, consequentemente, as vendas da companhia.

O CEO conta que as taxas de crescimento têm sido de 10% a 15% ao ano. Atualmente, a Doce Fruit envia entre 200 e 400 toneladas de mamão por semana para 15 países. O embarque é feito quase que totalmente por transporte aéreo, já que se trata de uma fruta tropical, perecível e que precisa chegar com boa margem de shelf life (tempo de prateleira).

“O maior faturamento do nosso grupo hoje é no mamão e temos a expectativa de manter o crescimento. A fruta gera uma receita em torno de R$ 200 milhões”, diz ele.

Entre os principais destinos, ele destaca que os Estados Unidos têm rigorosas regras sanitárias, mas não é um parceiro difícil de se negociar. Já na Europa, o desafio é lidar com as particularidades de cada mercado. Os portugueses, diz Martins, gostam de uma fruta mais madura, com preferência pelo do mamão formosa. Já os britânicos consomem bastante o papaya, de tamanho menor.

“Todos esses mercados são importantes para nosso negócio. Fazemos a subdivisão no momento da colheita e direcionamos as frutas com as características das diferentes regiões”, explica o executivo.

Novos mercados e valorização

A Doce Fruit também planeja aumentar a participação em novos mercados. Um deles é os Emirados Árabes, país que abriu recentemente as portas para o mamão brasileiro. A China é outro país que está entre os objetivos. Mas ainda depende de o governo chegar a um acordo com os chineses para o país começar a comprar a fruta.

No cenário atual, sem os chineses, a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex) acredita que as exportações de mamão devem crescer em torno de 15% em 2024. No ano passado, os embarques totais da fruta foram de 37,85 mil toneladas, com uma receita de US$ 53,07 milhões.

José Roberto Macedo Fontes, presidente da entidade, avalia que a cultura tem seguido a tendência de valorização que se observa em outras frutas tipo exportação. O que os produtores têm feito, diz ele, é agregar tecnologia e práticas sustentáveis para atender às exigências dos mercados consumidores, especialmente a Europa.

Os europeus, explica o executivo, estão restringindo limites ou até proibindo a presença de resíduos de produtos químicos nas cargas de mamão, o que contribuiu para reduzir volumes exportados em anos anteriores. Não se trata de um produto classificado como orgânico. É um convencional, com diferencial de sustentabilidade.

“Estamos fazendo um trabalho de boas práticas, agricultura regenerativa, controle biológico. Isso nos dá uma segurança maior de produzir um volume resíduo zero. As moléculas (químicas), retiramos do processo com redução de custos, porque os defensivos lideram”, explica Fontes.

Importador de mamão brasileiro em Madri, Julio Alonso, da Fru & Ver, comercializa a fruta no atacado, no Mercamadrid, maior central de abastecimento da capital espanhola. Afirma que, até hoje, nunca teve problemas com cargas de mamão destinadas ao seu estabelecimento. Pontua, no entanto, que a aplicação da lei é rigorosa, com risco de perda de produto. Por isso, o exportador deve ficar atento.

“Quanto mais envolvido com esse processo o produtor e o exportador brasileiro estiver, melhor será. É uma situação complicada, porque é preciso fazer análises na saída e na entrada do produto, o que pode levar a atrasos e redução de qualidade. Tudo se resolve se conversar com fornecedores do Brasil, porque exportam há muito tempo e sabem o que devem ou não fazer”, afirma o comerciante.

Ele destaca que o mamão brasileiro tem uma boa aceitação no mercado, com demanda crescente. “O mamão formosa tem muita aceitação aqui na Espanha, é o que vende mais. É procurado por um cliente com maior poder aquisitivo”, afirma.

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