Petróleo e Gás

Brasil bate recorde de importação de GNL, mas pode faltar gás para usinas

ago, 19, 2021 Postado porSylvia Schandert

Semana202133

Com o aumento do despacho termelétrico devido à crise hídrica, o balanço entre a oferta e a demanda de gás natural deve viver sob forte estresse nos próximos meses. Devido a fatores tanto conjunturais quanto estruturais, pode não haver gás para todas as usinas, mesmo ante os recordes de importação de gás natural liquefeito (GNL), dizem especialistas.

Segundo a Petrobras, ante o aumento da demanda, a empresa está negociando um novo contrato interruptível com a Bolívia e “providenciando alternativas” para disponibilizar um terceiro navio de regaseificação.

O mercado brasileiro é atendido por três fontes: a produção nacional representa praticamente a metade da oferta de gás no país, enquanto o GNL importado e a Bolívia respondem por um quarto do abastecimento cada um, de acordo com dados da Petrobras.

O presidente da Gas Energy, Rivaldo Moreira Neto, conta que todas essas três fontes enfrentam, hoje, algum tipo de limitação. Do lado da importação, a Bolívia, que já chegou a entregar mais de 30 milhões de metros cúbicos diários (m3 /dia) ao Brasil no passado, já não tem a mesma capacidade de produção e, hoje, tem contrato com a Petrobras para envio de até 20 milhões de m3 /dia. No caso do GNL, a WoodMackenzie estima que as importações atingiram, em julho, um recorde mensal de 28,8 milhões de m3 /dia. Há, porém, uma ressalva aí: o terminal de Sergipe, da NewFortress, não está conectado à malha nacional de gasodutos. Além disso, a planta da Petrobras em Pecém (CE) não conta, hoje, com navio regaseificador.

Já do lado da oferta nacional, Moreira Neto cita o atraso nas obras do gasoduto de escoamento Rota 3, que só ficará pronto em 2022. Sem ele, alguns grandes campos do pré-sal não têm condições de trazer gás para o continente e o Brasil atinge recordes de reinjeção, na casa dos 60 milhões de m3 /dia. Além disso, a parada programada do campo de Mexilhão e do gasoduto Rota 1 restringirá o suprimento em setembro.

Source: Valor Econômico

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