Brasil corre risco de ficar sem gás boliviano, e Petrobras busca saídas
jan, 30, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202306
A escassez de investimentos está colocando em risco a condição da Bolívia de exportadora de gás natural e o país pode se tornar importador do produto até 2030, segundo especialistas. O governo rejeita essas previsões, citando planos de investimentos de pelo menos US$ 325 milhões para exploração e prospecção de novos poços da estatal Yacimientos Petrolíferos Federales de Bolívia (YPFB) — atualmente, maior fornecedor externo de gás para o Brasil.
Pelo Gasoduto Brasil-Bolívia, o Brasil importa 30% do gás natural liquefeito (GNL) que consome. A Bolívia já chegou a enviar 30 milhões de metros cúbicos por dia, após uma renegociação de preços. Em maio do ano passado, esse envio passou a ser de 20 milhões de m3 por dia.
Com a possível falta do fornecimento boliviano no radar, a Petrobras acelera a conclusão da Rota 3 do gasoduto do pré-sal e busca alternativas com outros produtores, como os argentinos.
La Paz admite que, “entre 2015 e 2016”, houve uma redução natural da produção. A Bolívia exportou de US$ 2,75 bilhões de gás de janeiro a novembro de 2022 e tem no Brasil um de seus maiores compradores. As vendas, porém, vêm se reduzindo.
Nem para consumo interno
Segundo um estudo da consultoria especializada Wood Mackenzie, daqui a poucos anos, a produção de gás da Bolívia não será suficiente nem mesmo para suprir o consumo interno.
“Vamos investir pesadamente em algo que vai transformar a produção de gás natural na Bolívia, com um dos maiores aportes da história de nosso país, o que vai nos permitir encontrar novos megacampos”, informou, em nota, o presidente da YPFB, Dorgathen Tapia, em reação à divulgação do estudo da Wood Mackenzie. A estatal diz que prepara a exploração de 32 áreas prospectadas no sul e no leste da Bolívia.
“Afirmar que estamos ficando sem gás é uma avaliação incorreta”, prosseguiu Tapia. “Apesar do declínio natural na produção, essa situação está para ser invertida com a perfuração de novos poços e a descoberta de outros reservatórios. Estamos trabalhando nisso”, disse o presidente da YPFB.
Operações malsucedidas
A Wood Mackenzie, no entanto, relata que as últimas operações foram malsucedidas. Em 2021, a estatal previa explorar 20 poços no país, mas perfurou apenas 3 — e eles estavam secos.
“Nossa pesquisa indica que os operadores reduziram seus gastos na Bolívia devido a campanhas fracassadas para aumentar a produção, especialmente em campos já estabelecidos”, disse a Wood Mackenzie em resposta a uma consulta enviada por escrito.
“Além disso, os esforços de exploração mais recentes não mostraram os resultados desejados. Dois ou três poços de exploração de alto potencial falharam”, afirmou a consultoria.
Segundo os analistas da consultoria britânica, as exportações totais de gás da Bolívia caíram aproximadamente 40% desde 2015. “Esperamos taxas de declínio nesse ritmo no curto prazo”, analisou a Wood Mackenzie, ressaltando que a demanda doméstica de gás na Bolívia tende a crescer no mesmo período.
Fonte: Valor Econômico
Para ler a reportagem original, acesse: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2023/01/29/brasil-corre-risco-de-ficar-sem-gas-boliviano-e-petrobras-busca-saidas.ghtml?li_source=LI&li_medium=news-page-widget
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