Grãos

Brasil domina mercado chinês de soja no início de 2025

jan, 17, 2025 Postado porDenise Vilera

Semana202503

Segundo fontes comerciais, os compradores chineses garantiram quase todos os seus carregamentos de soja do Brasil para o primeiro trimestre de 2025. Em 2024, o Brasil foi responsável por 54% das importações chinesas de soja no primeiro trimestre, em comparação com 38% dos Estados Unidos. A China, que consome mais de 60% das exportações globais de soja, mudou quase completamente para os suprimentos brasileiros.

“Os processadores chineses estão agora contratando cargas brasileiras para embarques em fevereiro e março,” disse um comerciante em Singapura. “Tanto empresas estatais quanto privadas estão optando por soja brasileira. É uma mudança de 100% para o Brasil.”

Tensões Comerciais Sob Trump

As ameaças de Donald Trump de impor tarifas entre 10% e 60% sobre produtos chineses aumentaram os temores de retaliações contra produtos agrícolas americanos. Durante o primeiro mandato de Trump, em 2018, tarifas semelhantes levaram a China a reduzir sua dependência de produtos agrícolas dos Estados Unidos.

De acordo com dados da alfândega chinesa, entre janeiro e novembro de 2024, a participação dos EUA nas importações de soja da China caiu para 18%, em comparação com 40% em 2016. Enquanto isso, a fatia do Brasil subiu para 74%, em comparação com 46%.

A Vantagem Competitiva do Brasil

A colheita do início do ano no Brasil domina o comércio global de soja até que os suprimentos dos EUA entrem no mercado em agosto. No entanto, os importadores chineses migraram para a soja brasileira mais cedo do que o habitual este ano, impactando significativamente as exportações dos EUA durante sua alta temporada de comercialização em janeiro.

Segundo estimativas do USDA, os EUA devem encerrar o ano comercial de 2024/25, em agosto, com 10,34 milhões de toneladas métricas de estoques de soja, o maior nível em cinco anos.

O principal fator para essa mudança é a vantagem de preço do Brasil. Atualmente, a soja brasileira é cotada a US$ 420 por tonelada (incluindo custo e frete) para a China em embarques de fevereiro, comparado a US$ 451 por tonelada para cargas americanas do Noroeste do Pacífico. Uma safra recorde no Brasil, com clima favorável e um real mais fraco, reduziu significativamente os custos de produção, tornando a soja brasileira altamente atraente para os compradores chineses.

“Preocupações com possíveis tensões comerciais, especialmente após a reeleição de Trump, levaram ao aumento das compras de soja do Brasil,” disse Lin Guofa, analista sênior do Bric Agriculture Group. “O clima favorável e a desvalorização da moeda também incentivaram as importações.”

Perspectiva de Demanda e Desafios de Excesso de Oferta

Apesar dos preços competitivos, espera-se que as importações chinesas de soja para o primeiro trimestre de 2025 caiam para 17,3-18,0 milhões de toneladas métricas, em comparação com 18,58 milhões de toneladas no mesmo período de 2024. Analistas atribuem isso ao excesso de oferta de soja importada em 2024, que alcançou um recorde de 105,03 milhões de toneladas métricas.

“Todos agora estão esperando pela chegada das novas safras brasileiras,” disse um analista de Xangai, que pediu anonimato devido a restrições da mídia.

Enquanto os compradores privados estão focados na soja brasileira, o estoque estatal Sinograin continua adquirindo grãos dos EUA, valorizados por seu maior teor de óleo, ideal para armazenamento.

Perspectiva para a Soja dos EUA

A mudança para longe da soja americana destaca o impacto duradouro das tensões comerciais nos mercados agrícolas globais. À medida que o Brasil consolida sua posição como principal fornecedor da China, os exportadores dos EUA enfrentam desafios crescentes, especialmente com a possível retomada das políticas comerciais de Trump em 2025.

Fonte: Reuters 

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