Brasil e Portugal pressionam para avançar acordo comercial UE-Mercosul

O presidente Lula afirmou na quarta-feira (19) que o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia fortalecerá os laços comerciais entre o Brasil e Portugal.

O presidente Lula fez a declaração ao lado do primeiro-ministro português Luís Montenegro, que está em visita oficial ao Brasil. Os dois líderes falaram com a imprensa após a assinatura de uma série de acordos entre os dois países no Palácio do Planalto.

O primeiro-ministro português enfatizou seu compromisso em usar todos os “argumentos necessários” para garantir que a União Europeia implemente o acordo de livre comércio com o Mercosul. Ele alertou que, se o acordo não for finalizado, a Europa não deve se queixar se a América do Sul buscar acordos comerciais com outros países e blocos.

“Se o acordo Mercosul-UE não for implementado, a porta estará aberta para outros acordos”, disse. “Se os europeus não conseguirem avançar, não podem se queixar da concorrência. Não me cansarei de usar os argumentos necessários para pressionar a UE a implementar o acordo.”

Pressão competitiva

A visita do primeiro-ministro Montenegro ao Brasil destaca a importância estratégica de fortalecer os laços entre os dois países. Suas declarações, embora não explicitamente mencionadas, insinuaram a crescente influência da China, que tem aprofundado suas relações com países sul-americanos.

O anúncio do acordo Mercosul-UE foi feito em dezembro pelo presidente uruguaio Lacalle Pou e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante a última cúpula de chefes de estado do Mercosul em Montevidéu.

As negociações entre os dois blocos estão em andamento desde 1999, com um total de 25 anos. O acordo quase foi finalizado em 2019, mas ainda não foi ratificado por nenhum dos lados. Desde o início de seu terceiro mandato, o presidente Lula tem priorizado essa negociação como uma forma de impulsionar a economia da América do Sul.

“Receber o primeiro-ministro de Portugal é a melhor forma de celebrar 200 anos de parceria. Assinamos cerca de 20 acordos para beneficiar nossas sociedades”, disse o presidente Lula.

“O comércio com Portugal está se tornando mais diversificado, o que apoia a exportação de produtos brasileiros com maior valor agregado. A expectativa é que isso se aprofunde ainda mais com o acordo Mercosul-UE. Não há dúvida de que o acordo beneficiará ambos os blocos. Em um momento em que o protecionismo comercial está ganhando força no mundo, estamos mostrando o potencial da integração. Aproveitar as oportunidades dessa nova fase será a principal tarefa do escritório da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Comércio e Investimentos) em Lisboa.”

O presidente Lula também destacou potenciais colaborações entre Brasil e Portugal em questões climáticas e na regulamentação das grandes empresas de tecnologia. “Discutimos aspectos da crise climática, e nossos países têm muito a contribuir para a transição energética. Avançar na luta contra o extremismo é uma prioridade urgente compartilhada. Portugal e Brasil têm visões semelhantes sobre a regulamentação das grandes empresas de tecnologia e o combate à desinformação”, disse ele.

O presidente Lula reiterou sua posição sobre os conflitos na Ucrânia e em Gaza. “Enquanto alguns escolhem competição e guerra, nossos países defendem o diálogo e a paz. Em Gaza ou na Ucrânia, a violência precisa cessar para criar espaço para uma paz duradoura. Reafirmei ao primeiro-ministro o compromisso do Brasil com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, afirmou.

“Minha esperança é que nossa comunidade continue a inspirar práticas de boa governança e respeito aos direitos humanos e que nossos países irmãos perseverem no caminho da paz, da democracia e do desenvolvimento. Estou confiante de que continuaremos a caminhar juntos para construir um mundo mais justo, livre e próspero”, concluiu o presidente Lula.

Por Renan Truffi e Fabio Murakawa

Fonte: Valor Internacional

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