Brasil eleva exportações do agro para o México

O programa mexicano que isentou temporariamente o imposto de importação de determinados produtos da cesta básica contribuiu para aumentar as exportações brasileiras do agronegócio para o país.

Segundo dados levantados pela Apex Brasil, as exportações do setor para o México saíram de US$ 2,2 bilhões em 2022 para US$ 2,9 bilhões em 2023, alta de 32%. Neste ano, a expectativa é que fiquem entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões. Antes do programa, os valores exportados giravam em torno de US$ 1 bilhão, em valores nominais.

O “Paquete Contra la Inflación y la Carestía”, ou Pacic, foi criado em maio de 2022 por Andrés Manuel López Obrador. O objetivo foi reduzir a inflação e aumentar a segurança de abastecimento, já que o México é muito dependente dos Estados Unidos. Foi zerado o imposto de importação de vários produtos da cesta básica mexicana, incluindo carnes, milho, arroz e ovos.

O programa continua válido até 31 de dezembro deste ano. A grande preocupação de empresários brasileiros é saber se o Pacic será renovado ou não pela nova presidente do México, Claudia Sheinbuam. A Apex e empresários do setor defendem a renovação, enquanto negocia-se um acordo comercial que garanta cotas permanentes ou redução tarifária para o agro brasileiro.

“O Pacic é um grande símbolo para o Brasil, mas não queremos ficar só numa medida temporária. Nós queremos ampliar os acordos comerciais que temos com o México e, inclusive, incorporar com toda essa estratégia de garantir segurança alimentar para que essa parceria de sucesso não seja temporária e não dependa dessas renovações”, diz Laudemir Muller, gerente de agronegócio da Apex Brasil.

Alguns produtores, segundo apurou a reportagem, estão segurando investimentos enquanto aguardam uma definição do governo mexicano. Segundo Muller, caso o programa se torne permanente ou seja incluído num acordo comercial, há potencial para que as exportações do agronegócio para o México cresçam ainda mais.

O gráfico abaixo se baseia em dados do DataLiner para revelar as principais exportações do Brasil para o México nos primeiros oito meses de 2024.

Principais exportações para o México | Jan 2024 – Ago 2024 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Inflação dos alimentos

Um argumento utilizado pelos empresários brasileiros para tentar convencer o governo mexicano a renovar a medida é o impacto nos preços. A inflação de alimentos no México caiu de 13,2%, em 2022, para 8,2% em 2023 e para 6,2% em 2024, a partir da criação do Pacic. O Brasil é o principal parceiro comercial do México nesse programa, e o segundo no agronegócio como um todo, atrás dos Estados Unidos.

“O Brasil triplicou a oferta [de produtos do agro] e ajudou a reduzir a inflação de alimentos [mexicana]. O Brasil é também um fornecedor com preço mais competitivo, inclusive mais competitivo do que os Estados Unidos”, diz Muller.

Outro argumento é que o México importa a matéria-prima e vende o produto processado, com maior valor agregado, ou seja, é bom para a indústria mexicana e não gera perda de empregos no país.

Durante o Fórum Empresarial Brasil-México, evento promovido na segunda-feira (30) pela Apex na Cidade do México, Antonio Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), disse que o Brasil tem a possibilidade de uma oferta perene de carne para o México. “Outro ponto importante é que não somos predadores de varejo. Nós queremos fazer exportação complementar”, frisou.

Carolina Machado, gerente da corretora Expoente Agronegócios, especializada em arroz, afirmou que o Brasil tem capacidade de atender o México sem prejuízos à demanda interna.

Fonte: Globo Rural

Clique aqui para ler o texto original: https://globorural.globo.com/economia/noticia/2024/10/brasil-eleva-exportacoes-do-agro-para-o-mexico.ghtml

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