Brasil espera segunda maior safra de cana-de-açúcar da história
ago, 23, 2024 Postado porGabriel MalheirosSemana202434
A longa temporada de seca e as altas temperaturas que assolam vários estados da região Centro-Sul do Brasil devem ter um impacto reduzido na produção de cana-de-açúcar do país na temporada 2024/25. Embora o clima tenha reduzido a produtividade das lavouras, os crescentes investimentos e a expansão das áreas de lavoura provavelmente mitigarão a redução na moagem de cana-de-açúcar.
Em seu segundo levantamento sobre a safra brasileira de cana-de-açúcar em 2024/25, divulgado nesta quinta-feira (22/8) a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostrou-se mais otimista e novas projeções quanto a área plantada e produtividade na região Centro-Sul, que superaram as estimativas iniciais de abril. Como resultado, a nova previsão da CONAB estima uma moagem de cana-de-açúcar de 626,2 milhões de toneladas nesta safra, 745 mil toneladas a mais do que o projetado em abril. Isso sugere que a safra atual será 4,1% menor do que o recorde alcançado no ciclo anterior, tornando-se a segunda maior da história.
As previsões do setor privado para a moagem de cana-de-açúcar têm sido mais variadas. A Datagro, por exemplo, projeta que as usinas processarão 602 milhões de toneladas, enquanto a FG/A mantém sua estimativa em 620 milhões de toneladas.
A CONAB atribui o ajuste na previsão de produtividade do Centro-Sul a “melhores práticas culturais adotadas por algumas unidades.”
Segundo analistas, esperava-se uma seca neste ano. Embora isso afete a produtividade, a comparação está sendo feita em relação a um rendimento agrícola recorde de 87,2 toneladas por hectare na safra 2023/24.
No entanto, isso não significa que a seca não terá impacto nesta safra. “A maioria das áreas produtoras tem enfrentado cerca de 170 a 180 dias sem chuvas significativas”, disse o meteorologista Willians Bini. Mesmo em áreas que receberam chuva durante a última frente fria, como Franca, Ribeirão Preto e Sertãozinho, no estado de São Paulo, o “volume de chuva muito baixo não reverteu o déficit hídrico.”
Se a produtividade dependesse apenas do clima, as perdas seriam maiores, afirmou Fabio Marin, professor de agrometeorologia e modelagem agrícola da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Sistema Tempocampo. “Nossa estimativa é de uma queda de 9,1% na produtividade, com base em modelos de simulação, assumindo práticas de manejo estáveis”, disse ele.
A nova projeção da CONAB para a produtividade da cana-de-açúcar no Centro-Sul é de 81,7 toneladas por hectare, uma queda de 7,1% em relação ao recorde da safra anterior de 88,2 toneladas por hectare. Apesar desse declínio, os rendimentos ainda são superiores aos de duas safras atrás, quando a produtividade foi de 73,3 toneladas por hectare.
Além de revisar as estimativas para o Centro-Sul, a CONAB também aumentou sua projeção para a colheita de cana-de-açúcar no Nordeste e Norte em cerca de 3 milhões de toneladas, totalizando 63,7 milhões de toneladas. Se essa projeção se confirmar, a colheita nessas duas regiões crescerá 5,4% em comparação com a safra anterior. Consequentemente, a nova estimativa para a produção total do Brasil é de 689,8 milhões de toneladas, 3% abaixo da safra 2023/24.
Com cerca de metade da safra de cana já colhida, a CONAB agora espera uma produção um pouco menos focada em açúcar do que o projetado em abril, em meio ao aumento da demanda e dos preços do etanol hidratado. A agência agora prevê uma produção de açúcar no Centro-Sul de 42 milhões de toneladas (uma redução de 1,4% em comparação com a estimativa anterior) e uma produção de etanol de cana de 26,3 bilhões de litros (4,7% a mais do que o projetado em abril).
Para as regiões Nordeste e Norte, a CONAB espera uma maior produção de açúcar e uma menor produção de etanol. As novas estimativas são de 3,9 milhões de toneladas de açúcar e 2,2 bilhões de litros de biocombustível.
Fonte: Valor International; texto original disponível através do link: https://valorinternational.globo.com/agribusiness/news/2024/08/23/brazil-expected-to-harvest-second-largest-sugarcane-crop-in-history.ghtml
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