Brasil exporta 3,1 milhões de sacas de café em março, queda anual de 19%
abr, 13, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202318
Refletindo o cenário de entressafra, após duas colheitas menores em 2021 e 2022, as exportações brasileiras de café continuam apresentando queda. Em março, o volume remetido ao exterior pelo país somou 3,088 milhões de sacas de café de 60 kg, volume que implica recuo de 19% ante mesmo mês do ano passado. Em receita, o declínio foi de 26,4% na mesma comparação, com o valor saindo de US$ 909,2 milhões para os atuais US$ 669,5 milhões. Os dados são do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Com o desempenho, os embarques no acumulado do ano safra 2022/23 chegaram a 27,756 milhões de sacas, gerando ingressos de US$ 6,384 bilhões. Em relação à performance registrada entre julho de 2021 e março do ano passado, o volume é 9% inferior, mas a receita ainda segue 7,2% maior graças aos elevados preços do produto no intervalo recente, comercializado a uma média de US$ 230 por saca contra US$ 195,34 por saca nos nove primeiros meses da temporada 2021/22.
Veja abaixo o histórico do volume de café (hs 0901) exportado pelo Brasil entre janeiro de 2019 e fevereiro de 2023. Os dados são do DataLiner.
Exportações brasileiras de café | janeiro 2019 – fevereiro 2023 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
ANO CIVIL
De janeiro ao fim de março de 2023, o Brasil embarcou 8,358 milhões de sacas de café, montante 22,8% inferior aos 10,824 milhões de sacas registrados no primeiro trimestre do ano passado. A atual receita cambial é de US$ 1,796 bilhão, o que representa baixa de 27,5% frente aos US$ 2,478 bilhões nos três primeiros meses de 2022.
“Como já observado no fechamento de fevereiro deste ano, a queda nos volumes exportados na comparação com o mesmo mês do ano anterior se dá principalmente por já não dispormos de remanescentes significativos da safra recorde de 2020, que, eventualmente, compensariam a perda das colheitas 2021 e 2022, afetadas substancialmente pela longa estiagem, seguida da maior geada dos últimos 27 anos”, explica Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
Não obstante a esse declínio, o diretor-geral do Conselho, Marcos Matos, observa como positivo o crescimento visto em relação aos desempenhos apurados nos dois primeiros meses deste ano. “O volume embarcado em março representa aumentos de 9% sobre janeiro e de 27% sobre fevereiro”, aponta.
PRINCIPAIS DESTINOS
No primeiro trimestre de 2023, os Estados Unidos seguem como principal comprador dos cafés do Brasil, adquirindo 1,553 milhão de sacas, volume 26,6% inferior ao registrado no mesmo período de 2022. Esse montante equivale a 18,6% dos embarques totais brasileiros no intervalo.
A Alemanha, com representatividade de 13,1%, importou 1,099 milhão de sacas (-44,1%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vêm Itália, com a compra de 644.001 sacas (-35,1%); Japão, com 471.307 sacas (-2,79%); e Bélgica, com a aquisição de 449.319 sacas (-60,9%).
Do ponto de vista positivo, destaca-se o desempenho das remessas dos cafés do Brasil para a China, que apresentaram significativo crescimento de 108,7% no primeiro trimestre. Os chineses adquiriram 185.308 sacas, volume que representa 2,2% do total exportado e que faz com que essa nação salte para o 14º lugar no ranking dos principais destinos.
Segundo o diretor-geral do Cecafé, esse movimento reflete uma maior aceitação do produto na China, com consumidores jovens, dispostos a experimentar a bebida, ampliando o consumo local. “O mercado chinês vem crescendo ao longo dos anos e o Brasil vem ocupando espaços. Temos realizado diversas ações de promoção dos nossos cafés em parceria com redes de cafeterias e agentes locais, o que contribui para esse avanço que observamos no mercado sino”, destaca Matos.
PORTOS
O complexo marítimo de Santos (SP) permanece como principal exportador dos cafés do Brasil no primeiro trimestre de 2023, com a remessa de 6,614 milhões de sacas ao exterior, o que equivale a 79,1% do total. Na sequência, aparecem os portos do Rio de Janeiro, que respondem por 15,9% dos embarques ao enviarem 1,326 milhão de sacas, e Paranaguá (PR), com a exportação de 119.624 sacas e representatividade de 1,4%.
TIPOS DE CAFÉ
O café arábica foi o mais exportado entre janeiro e março deste ano, com o despacho de 7,167 milhões de sacas ao exterior, o que corresponde a 85,8% do total. O segmento do solúvel teve 910.547 sacas embarcadas, com representatividade de 10,9%, seguido pela variedade canéfora (robusta + conilon), com 270.486 sacas (3,2%) e pelo produto torrado e torrado e moído, com 10.141 sacas (0,1%).
CAFÉS DIFERENCIADOS
Os cafés que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis responderam por 19,9% das exportações totais brasileiras do produto no primeiro trimestre de 2023, com o envio de 1,665 milhão de sacas ao exterior. Esse volume representa alta de 3,3% na comparação com o mesmo período do ano antecedente.
O preço médio desse produto foi de US$ 248,70 por saca, proporcionando uma receita de US$ 414 milhões nos três meses, o que corresponde a 23% do obtido com os embarques totais. No comparativo anual, o valor é 16,8% menor do que o aferido no primeiro trimestre de 2022.
No ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados nos três primeiros meses deste ano, os Estados Unidos estão na ponta, com a aquisição de 477.371 sacas, o equivalente a 28,7% do total desse tipo de produto exportado. Na sequência, vêm Alemanha, com 243.879 sacas e representatividade de 14,7%; Bélgica, com 173.737 sacas (10,4%); Itália, com 86.645 sacas (5,2%); e Holanda (Países Baixos), com 80.368 sacas (4,8%).
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