Brasil perde liderança no minério de ferro
jun, 07, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana2202223
O Brasil vem perdendo participação no mercado mundial de minério de ferro ao longo dos últimos 25 anos. Foi gradualmente superado pela Austrália, que já detém 50% do comércio entre mares da principal matéria-prima do aço. Para os próximos anos não se vislumbra recuperação da fatia brasileira, que já foi 30%.
Essa era a participação do país no mercado transoceânico em 1997, tendo a Vale, MBR (grupo Caemi) e Samitri e Samarco (grupo Belgo-Mineira) como grandes exportadores de minério de ferro.
Ao mesmo tempo, a Austrália tinha cerca de 20%, com Rio Tinto e BHP exportando praticamente 100% da produção obtida na região de Pilbara. As duas companhias expandiram significativamente suas produções e a novata Fortescue Metals entrou depois, tornando-se a terceira produtora local e a quarta do mundo.
Mineradoras que operam na Austrália exportam mais de 800 milhões de toneladas por ano, a maior parte para a China. Segundo dados do The Observatory of Economic Complexity (OEC), uma ferramenta que mede o comercio internacional, a Austrália atingiu mais de 50% do mercado por volta de 2016/2017.
Já a participação brasileira foi caindo ao longo dos anos, chegando na mesma data em cerca de 17%. Atualmente, está pouco acima de 20%, com Vale, CSN Mineração e Anglo American. Juntas, exportaram 340 milhões de toneladas em 2019. Entre 2000 e 2005, a Vale adquiriu o controle das concorrentes locais, num processo de consolidação de ativos em minério de ferro.
Atualmente, a participação do país no mercado global é a mesma que atingiu em 2010 e 2011 (20%). Sofreu o baque da saída da Samarco – joint venture de Vale e BHP – quase no final de 2015.
Veja abaixo o histórico das exportações brasileiras de minério de ferro de janeiro de 2021 a abril de 2022. Esses dados são da plataforma DataLiner da Datamar.
Exportações de Minério de Ferro do Brasil | janeiro de 2021 – abril de 2022 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
A Samarco, que era uma das maiores produtoras de pelotas de minério de ferro do mundo, teve de suspender 100% da produção em novembro de 2015 com o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, em Mariana (MG). A empresa fazia 28 milhões de toneladas do produto por ano, além de 2 milhões de concentrado.
A mineradora retomou de forma gradual a produção no final de 2020, com uma linha capaz de fazer 8 milhões de toneladas. As projeções da empresa são de dobrar em 2026 e atingir a plena capacidade por volta de 2029.
Outro baque para a Vale foi o rompimento da barragem de rejeitos de Brumadinho, em janeiro de 2019, causando mais de 270 perdas humanas e um grande desastre econômico-ambiental. Isso afetou outras operações da companhia em Minas Gerais, que tiveram de parar a produção devido ao mesmo tipo de barragem.
Em razão disso, a Vale está com operações comprometidas em várias de suas minas, que tiveram de passar por mudança no sistema de deposição de rejeitos, de barrragens de lama para empilhamento a seco. Estima-se cerca de 100 milhões de toneladas afetadas, com lenta retomada.
O comércio transoceânico de minério de ferro supera 1,6 bilhão de toneladas por ano, de acordo com dados da World Steel Association, com base em números de 2019 e 2020. O Brasil embarcou 340 milhões de toneladas em 2019, ao passo que a Austrália exportou 836 milhões.
Além dos dois países, quem supre o mercado entre mares, que tem a China como grande comprador – mais de 1,1 bilhão de toneladas – são a África do Sul, Índia, Canadá, Rússia e Ucrânia, e vários pequenos chamados exóticos – Peru, Irã, Malásia e muitos outros, diz José Carlos Martins, sócio-consultor da Neelix Consulting Mining & Metals.
“Ninguém tem crescido por aqui [Brasil]. A Vale caiu devido ao acidente de Brumadinho e à falta de licenças ambientais para retomada de minas. Até em Carajás [mina no sul do Pará, na província de Carajás], onde não teve acidente, a empresa não consegue crescer”, diz o consultor.
A CSN Mineração, que exporta em torno de 35 milhões de toneladas, incluindo minério de pequenas mineradoras em Minas Gerais, tem plano de ampliar a produção. Em 2026 prevê dobrar o volume atual e atingir acima de 100 milhões de toneladas/ano em 2032.
A Anglo American não prevê por ora nada além das atuais 26 milhões de toneladas. O projeto da Bamin, na Bahia, de 20 milhões de toneladas, depende da conclusão da ferrovia Fiol e da construção de um terminal portuário em Ilhéus (BA). O grupo ERG, do Casaquistão, busca parceiro para dividir o investimento de R$ 10 bilhões.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o texto original completo acesse:
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/06/07/brasil-perde-lideranca-no-minerio-de-ferro.ghtml
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