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Brasil prioriza diálogo com Trump antes de retaliar taxação ao aço

fev, 11, 2025 Postado porGabriel Malheiros

Semana202507

O governo brasileiro ainda tentava entender na noite desta segunda-feira, 10, as consequências do decreto firmado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que taxou em 25% todas as importações americanas de aço e alumínio de todos os países. Entretanto, antes de partir para a retaliação, a postura do Palácio do Planalto será a de negociar com o governo americano a fim de obter o acordo mais vantajoso possível para o Brasil, apurou o Valor com uma fonte graduada em Brasília.

Trump anunciou a taxação a repórteres no avião presidencial no domingo. Na noite de ontem, ele oficializou a medida. E, segundo a agência Reuters, foram extintas quotas que beneficiavam países como Brasil, México e Canadá.

Interlocutores no Planalto e no Itamaraty afirmam que retaliar os americanos não deve ser prioridade neste momento. Primeiro, pela percepção de que não é uma medida especialmente direcionada ao Brasil, embora afete o país. Segundo, porque está na memória a bem-sucedida negociação no primeiro mandato de Trump. A tendência é agir com cautela e pensar no setor, importante para a economia brasileira tanto na geração de divisas quanto de empregos.

A preservação do sistema de quotas era justamente o primeiro ponto de preocupação do Brasil. Ele foi estabelecido pelo próprio Trump em seu primeiro mandato (2017-2021), em acordo com o Brasil, após o então presidente anunciar uma taxação semelhante para as importações. O acordo permitia ao Brasil exportar até 3,5 milhões de toneladas de aço semiacabado para os EUA. Na época, o Brasil contou com o apoio da indústria americana, que precisa do insumo brasileiro.

Mesmo com a restrição, o Brasil tornou-se o segundo maior fornecedor de aço para os americanos, superando o México. Já os EUA são o principal cliente do aço brasileiro, responsável por quase metade do que o país exporta. No ano passado, foram quase US$ 3 bilhões.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu adotar uma postura de reciprocidade em relação ao governo americano no caso de taxações de produtos brasileiros.

“O que eu queria destacar é a boa relação entre o Brasil e os EUA. São 200 anos de parceria. Depois, destacar que é um ganha-ganha. Cresceram quase 9% as exportações do Brasil para os EUA e quase isso as exportações dos EUA para cá”, disse o vice-presidente, Geraldo Alckmin, antes do anúncio.

A postura pragmática em relação ao governo Trump vale não somente para negociações comerciais. É semelhante, por exemplo, à adotada pelo Brasil no caso das deportações de imigrantes ilegais.

Nesse caso, em vez de confrontar, o governo Lula buscou negociar com a Casa Branca para que os deportados chegassem ao país em voos em boas condições e com tratamento digno, após denúncias de maus-tratos em um voo que fez um pouso não programado em Manaus, em janeiro.

Diante da repercussão negativa, o Brasil montou, junto com a embaixada americana, um grupo de trabalho para monitorar as deportações. No último sábado, um novo voo com deportados brasileiros chegou a Fortaleza. Não houve relatos dos mesmos problemas do voo de janeiro, o que foi celebrado pelo Itamaraty.

Por Fabio Murakawa e Renan Truffi. Colaboração especial de Ruan Monteiro.

Fonte: Valor Econômico

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