Brasil vende menos para a China, mas preço compensa
ago, 17, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202233
Apesar de ter ficado praticamente estável em valores, a exportação para a China este ano perdeu fôlego e caiu em quantidade, em movimento diferente da média e inverso ao de outros mercados importantes. As exportações brasileiras para o país asiático somaram US$ 55,1 bilhões de janeiro a julho deste ano, com queda de apenas 0,2% contra iguais meses do ano passado. Em termos de volume embarcado, porém, caíram 12,8%. Os preços mantiveram alta, com expansão de 13,6%, o que neutralizou o efeito da queda de quantidade nas receitas de exportação para o país asiático.
A China foi o único destino com queda de quantum quando se olha os principais mercados do país, segundo dados do Índice de Comércio Exterior (Icomex), em boletim do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). A desaceleração mais forte que a esperada da economia chinesa em 2022, o deslocamento da exportação brasileira de petróleo aos chineses pela Rússia e a base alta de comparação ajudam a explicar a redução este ano, indicam especialistas.
A China tem elevado as compras de produtos da Rússia e de outros parceiros próximos, o que desloca as importações de outras regiões, reduzindo sua participação relativa nos desembarques chineses. Nesse novo regime, o Brasil é atingido pelo petróleo. “Há um vazamento de petróleo bruto russo que antes ia para a Europa e agora começa a ir mais intensamente para a China”, aponta o economista Livio Ribeiro, sócio da BRCG.
Veja abaixo as principais tendências de volume de exportação do Brasil para a China de janeiro de 2019 a junho de 2022. Os dados abaixo são da DataLiner.
Volume exportado do Brasil para a China | Janeiro 2019 – Junho 2022 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
No total das exportações brasileiras, ainda segundo o Icomex, o volume embarcado aumentou em 0,6%. Ainda em termos de quantidade e mantendo a comparação de janeiro a julho contra igual período de 2021, os embarques aos Estados Unidos cresceram 3% e à União Europeia, 11,9%. Para os argentinos, a expansão foi de 13,9% e para os demais países da América do Sul, de 14,3%. Para a Ásia, excluindo-se Oriente Médio e China, houve estabilidade.
Para a economista Lia Valls, pesquisadora do Ibre, a queda de quantidades embarcadas aos chineses acompanha a desaceleração da economia do país asiático e também pode ser explicada pela base alta de comparação. O quantum de exportação para a China cresceu 31,1% de janeiro a julho de 2020 contra igual período do ano anterior. Em 2021, no mesmo período, houve queda de 5,7%, mas o volume embarcado manteve-se em patamar relativamente alto.
O desempenho acompanhou o comportamento da economia chinesa, salienta Lia, que avançou 2,2% em 2020, quando eclodiu a pandemia de covid-19. Naquele ano, apontam dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia global recuou 3,1% e a dos países avançados caiu 4,5%. Em 2021 os chineses avançaram a uma taxa de 8,1%, enquanto a economia global subiu 6,1% e a das países avançados, 5,2%.
Para este ano, o governo chinês mantém a meta de 5,5% de crescimento econômico, mas as projeções mais recentes de mercado apontam para cerca de 4% a 4,2%, o que é uma desaceleração grande para a China, diz Welber Barral, sócio da BMJ Consultores.
O ex-secretário de Comércio Exterior explica que as estimativas se tornaram mais pessimistas após a divulgação dos dados de atividade mais recentes do país asiático e a redução de juros pelo Banco Central chinês no início desta semana como forma de reativar a economia. Os dados de julho mostraram desaceleração generalizada, com uma crise imobiliária e a política de covid zero impactando as atividades industrial e varejista.
Além do deslocamento da exportação brasileira de petróleo bruto brasileiro pelos russos, o desempenho da economia chinesa é um dos fatores que explicam a queda de quantum da exportação brasileira, concorda Ribeiro.
A economia chinesa, diz Ribeiro, enfrenta dificuldades relevantes para a retomada do crescimento de forma robusta. No segundo trimestre o PIB chinês cresceu 0,4% na comparação interanual, abaixo da estimativa mediana de mercado, e os dados na largada do terceiro trimestre não foram bons. “Isso nos faz esperar uma economia com alguma dificuldade de atingir até mesmo 4% de crescimento este ano.” A BRCG esta semana, aponta, reduziu sua projeção de PIB chinês para 2022 de alta de 3,9% para alta de 3,4%.
Também há o efeito da composição da pauta exportadora brasileira, diz Ribeiro, que também é pesquisador do Ibre. O ciclo de investimentos chineses em infraestrutura pode dar alguma sustentação aos embarques de minério de ferro, mas para as carnes e a soja, que é insumo para produção de proteína, a situação tende a ser mais complicada numa economia que mostra dificuldade de dinamização consistente de demanda interna, avalia.
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), lembra que a demanda chinesa por minério de ferro aumentou muito no decorrer de 2021, o que também contribuiu para a alta histórica de cotações da commodity. Neste ano, diz, o que vem acontecendo é um ajuste de volumes e preços. Pelas projeções da AEB, a exportação total brasileira de minério de ferro deve cair 10% este ano contra 2021. No ano passado, o item respondeu por um terço do valor do total de exportação pelo Brasil à China.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o texto original completo acesse: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2022/08/17/brasil-vende-menos-para-a-china-mas-preco-compensa.ghtml
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