BTP planeja se expandir no Porto de Santos
fev, 09, 2021 Postado porSylvia SchandertSemana202106
A Brasil Terminal Portuário (BTP) planeja entregar até março o pedido de renovação antecipada de seu contrato no Porto de Santos. A ideia é prorrogar o arrendamento, que vence em 2027, por mais 20 anos, em troca de novos investimentos.
“O plano é aumentar a capacidade dentro dos limites atuais do terminal. Iniciamos a conversa com o governo federal e, neste momento, estamos preparando os estudos de viabilidade. A expectativa é que todo o processo, desde a apresentação até a assinatura, tome de 12 a 14 meses”, afirmou o presidente da companhia, Ricardo Arten. Segundo ele, o valor de investimento que será proposto ainda não foi fechado.
Mas o plano de expansão do grupo não se limita ao terminal atual. A empresa também visa os novos leilões no Porto de Santos. A principal oportunidade deverá ser a licitação, ainda em estudo pelo governo federal, de um grande terminal de contêineres na região do Saboó, em uma área vizinha à da BTP. A empresa, que, pela proximidade, é uma candidata natural na concorrência, já chegou a propor, no passado, a anexação da área, que entraria em seu processo de renovação antecipada. O governo, porém, optou por uma nova licitação.
O grupo também estuda outras áreas no Porto de Santos, tanto na margem direita quanto na esquerda, e sempre com foco em contêineres. “Estamos bastante ansiosos, não só para esse terminal ao lado, mas também para outras áreas que possam ser operacionalizadas. Hoje a capacidade da BTP está estrangulada, precisamos encontrar espaços para nossas operações”, afirmou.
A empresa é uma parceria entre dois grupos globais de navegação: a APM Terminals (da Maersk) e a Terminal Investment Limited (TIL, da MSC). Os controladores também movimentam carga em outros terminais no Porto de Santos, mas a percepção do mercado é que a cadeia logística de contêineres passa por uma verticalização que tende a beneficiar a expansão da BTP.
A BTP tem obtido bons resultados no porto de Santos, mesmo com a pandemia. Em 2020, a movimentação do terminal subiu 10%, puxada pelas exportações, que superaram a queda das importações. Neste ano, a expectativa é crescer 3,3%, em linha com o Produto Interno Bruto (PIB).
“Aprendemos a lidar com a covid. Mesmo com a segunda onda da pandemia, que traz incertezas, já sabemos que os produtos brasileiros de exportação – como proteína animal, algodão, açúcar – não terão queda”, diz.
Para ele, a maior preocupação é a falta de contêineres – um problema que começou há quase um ano, quando a pandemia começou a impactar a cadeia logística global. “Pode ser um gargalo e prejudicar as perspectivas para 2021.”
A falta de contêineres resulta do descompasso entre importações e exportações nos países, agravado pelas medidas de isolamento social. Quando a pandemia explodiu na China, no ano passado, muitos contêineres ficaram presos nos portos asiáticos. Depois, com a queda nas importações brasileiras, o problema passou a prejudicar os exportadores do país – como os navios não chegavam, faltava equipamento para os exportadores.
Só no terminal da BTP, o número de “extra calls” saltou de dez, em 2019, para 56, em 2020. Diante dos bons resultados do ano passado, a companhia não planeja pedir reequilíbrio econômico-financeiro pelos impactos da pandemia nas importações – tal como outros setores de infraestrutura têm feito.Porém, há planos de negociar uma mudança no indexador de reajuste dos contratos, que seguem o IGP-M – cuja alta acumulada em 2020 foi de 23,14%. “É algo descabido reajustar nesse patamar. Iniciamos a conversa com o governo sobre esse assunto já no ano passado, e devemos apresentar um pleito”, finaliza Arten.
Confira nos dois gráficos abaixo os volumes importados e exportados via BTP em comparação com os demais terminais do Porto de Santos:
Fonte da reportagem: Valor Econômico
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