Calor extremo é desafio para cargas no Porto de Santos
dez, 07, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202345
O calor extremo desafia a logística portuária e causa impactos em determinadas cargas. Além disso, o elevado calor têm como consequência chuvas mais fortes – que são responsáveis por problemas que afetam toda a cadeia produtiva que desemboca no Porto de Santos, maior complexo do Hemisfério Sul.
“Do ponto de vista da logística portuária, os efeitos do calor anormal são percebidos principalmente nas superfícies de paredes e telhados, nas chapas dos contêineres, na cabine dos veículos que transportam cargas e no interior dos armazéns que guardam as cargas em temperatura ambiente”, explica o consultor portuário e diretor da V2PA Engenharia e Consultoria, Marcos Vendramini.
Os sistemas de refrigeração são responsáveis por mitigar os efeitos. “Os contêineres que armazenam produtos cuja temperatura deve ser controlada são especiais e providos de sistema de refrigeração. Dessa forma, o efeito nesses tipos de carga é solucionado com o aumento da refrigeração, com os consequentes custos (energia elétrica ou combustível para aqueles alimentados por motores). Ou seja, a solução é basicamente econômica”, detalha o consultor portuário.
Preocupações
Já o calor que incide sobre cargas armazenadas em temperatura ambiente, pode causar uma degradação do produto – ainda que insignificante. “Por outro lado, as chuvas resultantes de tais temperaturas extremas podem causar danos piores que o calor”, adverte Vendramini.
O consultor portuário lembra que a maioria dos sistemas de drenagem portuária foi concebida e implantada há mais de 60 ou 70 anos, com diâmetros inferiores aos que hoje seriam necessários, uma vez que foram projetados para as chuvas da época – menores do que as que têm ocorrido com as mudanças climáticas.
As chuvas paralisam o embarque de granéis sólidos vegetais e minerais, provocam o alagamento de vias e, por consequência, a dificuldade e a demora de escoamento, interrompendo ou tornando moroso o tráfego de veículos, explica Vendramini.
O presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos (Sindicam), Luciano Santos de Carvalho, está preocupado em razão da subida crescente das temperaturas. Para evitar que cargas fiquem paradas, ele pede fiscalizações por parte das autoridades em relação aos caminhões que vêm para a região sem agendamento.
Para Vendramini, no caso dos granéis líquidos, com o maior calor incidente nas chapas e tetos dos tanques, pode ocorrer aumento da taxa de evaporação. “Embora nada muito significativo e normalmente solucionado com os dispositivos existentes nos tetos dos tanques para efetuar tal controle”, observa Vendramini.
O gráfico abaixo mostra as principais cargas refrigeradas exportadas do Porto de Santos no ano de 2023. Os dados são do DataLiner.
Carga Refrigerada | Porto de Santos | Jan 2023 – Out 2023 | TEU
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Pontos de vista
O CEO da T-Grão Cargo Terminal de Granéis, Vinícius Pina, reforça que condições climáticas extremas trazem impactos à cadeia produtiva e amplificam os desafios de se exportar grãos de origem vegetal, como são os casos da soja e do milho.
“Quando falamos de Porto, certamente o desafio não se refere à refrigeração como outros cargas, mas sim à manutenção das condições dos grãos, pois cenários de secura podem trazer situações de perda de qualidade. O grão seco não produz óleo como deveria, perdendo valor comercial e até o inviabilizando”, afirma. “Também traz maior atenção e investimentos em componentes de controle de temperatura dos equipamentos que, em atividade permanente somado ao ambiente externo muito quente, pode causar danos envolvendo aquecimentos, causando quebras e, em alguns casos, até incêndios pontuais”, emenda. A T-Grão, por exemplo, conta com células de armazenagem verticais, preservando a qualidade dos grãos tanto nos controles de temperatura quanto no manuseio.
Os problemas, porém, muitas vezes começam na zona produtiva, com queimadas arruinando plantações e equipamentos. E não é só. “Também devido à armazenagens, algumas vezes não tão adequadas. É como ter pilhas de produtos ao ar livre. Isso faz com que o produtor perca muita umidade do produto, item de relevância na formação do preço da saca e, consequentemente, busque artifícios para compensar isso, muitas vezes jogando água, literalmente”, detalha.
Entre os terminais de contêineres, a BTP afirmou, em nota, que não evidenciou qualquer interferência por parte de temperaturas extremas no processo operacional. A empresa alegou que ventos e marés podem interferir nas operações, mas o calor não impacta diretamente.
Fonte: A Tribuna
PAra ler a reportagem original, acesse: https://www.atribuna.com.br/noticias/portomar/calor-extremo-e-desafio-para-cargas-no-porto-de-santos
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