Caminhoneiros e transportadores manifestam preocupação com suspensão da exportação de diesel
set, 29, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202339
A decisão da Rússia de suspender a exportação de diesel preocupa o setor portuário brasileiro porque o combustível é decisivo no giro da roda logística nacional. A medida foi tomada pelo governo russo na semana passada para tentar regular os preços no mercado interno, o que deve levar a uma redução de valores à população russa. A medida foi atualizada há três dias, com a liberação da comercialização de diesel russo de baixa qualidade ao exterior, mas mantendo o veto ao combustível de alta classe.
Hoje, a Rússia é a maior fornecedora de óleo diesel para o Brasil, respondendo por 78% do volume de combustível importado pelo mercado brasileiro desde março, segundo a consultoria S&P Global.
“Isso preocupa o setor porque, com menor oferta, o preço deverá ser reajustado e, o que é mais grave, poderá haver a falta do produto”, afirma o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (Sindisan), André Luís Neiva. Esse alerta, revela o dirigente, foi feito na última reunião da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (Fetcesp), realizada no dia 21, na Capital Paulista.
“Os empresários ligados ao transporte de granéis líquidos trouxeram à mesa o risco iminente da falta de óleo diesel. Com esse cenário, além da elevação e repasse dos custos no transporte, existe a possibilidade de escassez de produtos no mercado”, completa Neiva.
O presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), Luciano Carvalho, caminhou em raciocínio semelhante. “A gente vai ter que repassar o aumento. Vai ficar ruim para o consumidor final porque as coisas vão ficar mais caras”, afirma.
Impactos
O consultor portuário Ivam Jardim observa que os importadores brasileiros têm se aproveitado dos preços reduzidos que os exportadores russos estavam praticando para a venda de diesel. Trata-se de um artifício, segundo Jardim, necessário para achar compradores após as sanções estabelecidas pela União Europeia, Estados Unidos e outros países e blocos.
“Com a suspensão das exportações e impossibilidade de compra, os importadores brasileiros terão de retornar aos tradicionais fornecedores, do Golfo do México (EUA), comprando mais caro, ou pedir à Petrobras mais volume, praticando os preços de mercado internacional. Porém, outros países também irão recorrer à esses mesmos fornecedores, aumentando a demanda e, consequentemente, o preço. Tal migração pode demandar um tempo, o que gera esse temor de possível desabastecimento”, explica.
O consultor vai além do impacto no transporte rodoviário e faz uma análise ampliada da dificuldade que pode surgir no horizonte devido à decisão russa.
“Isso afetaria diretamente os custos de transporte, incluindo o transporte marítimo de mercadorias para o Brasil, já que o diesel é uma fonte de energia importante para navios. Além disso, nossa matriz de transporte rodoviária também seria impactada, sendo necessário um aumento do frete por parte dos caminhoneiros. Esse aumento, ao ser repassado, afeta a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional”.
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