Canal do Panamá pretende manter restrições por pelo menos 10 meses
ago, 25, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202335
Autoridades marítimas globais estão sendo convocadas a unir esforços para elaborar estratégias que facilitem o trânsito por um dos principais gargalos marítimos do mundo, após a Autoridade do Canal do Panamá alertar que medidas de conservação de água estarão em vigor por pelo menos os próximos 10 meses.
Enfrentando uma seca sem precedentes este ano, combinada com o fenômeno climático El Niño, os administradores do Canal do Panamá reduziram as restrições de calado para navios que transitam pelas eclusas neo-panamax em 2 metros, além de reduzir o volume de trânsitos diários em 20%, totalizando agora 32 embarcações por dia. Essas medidas resultaram em um acúmulo significativo de navios nas extremidades do canal. O número total hoje é de 129 navios, abaixo do pico de 165 no início deste mês, mas ainda 43% acima da média.
O vice-administrador do canal, Ilya Espino, disse à Reuters ontem que as restrições permanecerão em vigor por pelo menos os próximos 10 meses, ou seja, durante o primeiro semestre do próximo ano.
Os serviços de contêineres e itinerários de cruzeiros costumam transitar pelo canal com reservas antecipadas de longo prazo. Para os setores de carga a granel, a abordagem é mais ad hoc e com menos antecedência, e é aqui que o impacto tem sido maior este mês, onde pode não ser possível obter uma reserva antecipada e, portanto, a inclusão na fila é necessária.
Para os navios porta-contêineres maiores, que provavelmente continuarão a ter restrições de calado, cerca de 2.500 TEUs de espaço não podem ser utilizados, resultando em uma utilização máxima de carga de cerca de 84%. Para os navios com capacidade superior a 12.000 TEUs, a opção de reencaminhamento via Canal de Suez será considerada por muitas companhias de navegação, dada a declaração oficial do Panamá de que as restrições continuarão por um bom tempo.
Para os navios porta-contêineres menores, que ainda podem passar totalmente carregados, a opção de retornar à Ásia via Canal de Suez ou contornando o Cabo, com uma distância e tempo um pouco maiores, será considerada pelas companhias de navegação para reduzir a demanda geral no Canal do Panamá e absorver a capacidade em um momento em que o setor de contêineres é amplamente percebido como em declínio, pelo menos até o final do próximo ano.
Já houve um cruzeiro que cancelou sua temporada de inverno no Panamá. O redirecionamento de rotas de transportadoras de contêineres será observado atentamente por outros setores que buscam obter horários valiosos no canal nos próximos meses.
“É possível que segmentos como os de graneleiros e contêineres, como o Conselho Mundial de Navegação, a INTERTANKO, a INTERCARGO e a BIMCO, juntamente com a Autoridade do Canal do Panamá, possam se unir para planejar estrategicamente como melhor usar os recursos limitados no curto e médio prazo. Uma coordenação e colaboração interindústria como essa, creio, seria inédita”, sugeriu Andy Lane, parceiro da consultoria de navegação CTI Consultancy.
Os desafios no canal não tiveram um efeito notável no aumento das tarifas de frete de contêineres nas últimas duas semanas. O Índice Semanal de Contêineres Mundiais da Drewry, publicado ontem, mostrou que as tarifas de Xangai para Nova York caíram US$ 120 por FEU.
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