Cargas reefer: estáveis porém com tendência de queda nas tarifas
mar, 16, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202313
“Pode ser um pouco chato”, diz Philip Gray, analista de contêineres reefer da Drewry Shipping Consultants, com foco em análise de transporte marítimo. Durante sua apresentação na Fruit Logistica, ele acrescentou que, após alguns anos conturbados na logística, o tédio não é uma coisa ruim. “Os exportadores precisam de estabilidade, pois a produção é cara hoje em dia.” O analista de cargas reefer prevê que o aumento dos preços também pode levar a mudanças no comércio de produtos frescos.
“Nos dias de abundância de contêineres e produtos baratos, muitos produtos eram enviados para o exterior em especulação, o que realmente não era exigido pelo mercado. Isso também manteve os preços dos produtos bastante baixos. Foi tudo muito barato. Talvez agora seja um pouco mais equilibrado.”
Queda nas exportações de frutas
“O mercado de cargas reefer se provou resiliente em 2022, com o comércio marítimo de commodities refrigeradas perecíveis atingindo a marca de 138,6 milhões de toneladas. A carne continua sendo a maior mercadoria transportada nesta categoria, respondendo por 22% do mercado, seguida por bananas (15%) e peixes (14%). Esses números levam Philip a mencionar que dentre as cargas reefer, o comércio de proteína deverá ser palco de competição por espaço e preços, onde a sazonalidade desempenha um papel. Além disso, o volume de bananas transportadas por frigoríficos caiu em 2022 e Philip espera que essa situação continue.
Philip observa que as taxas de contêineres reefer ultrapassaram sua máxima no terceiro trimestre de 2022. Ele vê as taxas de contêineres refrigerados caindo, mas como não aumentaram tanto quanto as taxas de carga seca, ele espera que não diminuam tanto. Além dessa tendência de queda, o analista espera que a sazonalidade, bem como diferentes rotas comerciais, desempenhem um papel nas flutuações das taxas. Ele também observa que, onde durante a pandemia os perecíveis tiveram que competir com a carga seca por espaço em contêineres, isso não acontece mais. Esse contexto também abre a possibilidade de transportar contêineres para fora da China novamente.
Andrew Lorimer, CEO da Datamar, vê queda nas exportações de frutas. Em sua apresentação na Fruit Logistica, que se focou nos países da América do Sul, ele aponta que o conflito na Ucrânia levou à inflação, afetando a renda dos europeus e causando uma grande queda na demanda por frutas. “A fruta tem menos prioridade, tornando-se talvez um bem de luxo.”
Andrew menciona que a carga refrigerada número um exportada pelos países da América do Sul (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) é carne; acumulando 9,8 milhões de toneladas em 2022. Este produto tradicionalmente competia com as frutas – um mercado de quase 4 milhões de toneladas – por espaço e taxas de contêineres. No entanto, isso parece não ser mais o caso. O CEO explica essa tendência através da combinação de pouca demanda aliada à maior disponibilidade de contêineres.
A Datamar menciona que as exportações de frutas do Brasil, após anos de crescimento, caíram 24,4% em 2022 em comparação com 2021. Em 2022, as exportações brasileiras de frutas bateram 9,8% de todos os transportes refrigerados.
Veja abaixo as exportações de frutas (hs 0800 – 0812) do Brasil em contêineres entre janeiro de 2019 e janeiro de 2023, de acordo com o DataLiner da Datamar.
Exportações de frutas do Brasil | Jan 2019 – Jan 2023 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Embarcações refrigeradas especializadas
Embora os contêineres ocupem a maior parte da carga, há mudanças no uso de navios refrigerados especializados. Andrew Lorimer observa que, no ano passado, 5% da carga passou a ser transportada por navios frigoríficos no Brasil e, no Chile, cerca de 10% passou a ser transportada a granel. “No ano passado, um grande exportador de melão passou a usar navios refrigerados. Há muito tempo isso não acontecia no Brasil.”
Isso faz com que o CEO da Datamar se pergunte se esses desenvolvimentos poderiam levar a grandes mudanças no mercado de embarcações refrigeradas especializadas. Embora existam algumas novas construções, ele conclui que, dado o tamanho e a idade da frota, esta não é uma solução de longo prazo no momento. Ele observa que a transição ocorrida no ano passado no Brasil e no Chile foi impulsionada principalmente pelas más operações em torno dos transportes de contêineres, das quais ele espera uma situação muito mais tranquila daqui para frente.
Fonte: FreshPlaza
Para ler o artigo original completo, acesse: https://www.freshplaza.com/north-america/article/9510071/stable-reefer-market-with-a-downward-trend-in-rates/
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