Cenário no setor de lácteos favorece exportações do Brasil
mar, 22, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202212
O mundo está consumindo mais produtos lácteos e, paralelamente, a oferta de leite está caindo nas fazendas. Levantamento recente da consultoria Milkpoint Mercado, a partir de dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), aponta que o consumo cresceu 4,4% entre 2019 e 2021, enquanto a produção subiu 2,1% no mesmo período. Os estoques globais de leite em pó integral somavam 319 mil toneladas no início de 2022 – nível mais baixo em ao menos nove anos.
Com a oferta global de matéria-prima mais enxuta e preços internacionais em patamares atraentes, o momento é favorável para países que não são tradicionais exportadores ampliarem suas vendas ao exterior. É o caso do Brasil. Mesmo que neste momento o país tenha uma oferta de leite menor no campo, principalmente em razão da seca que afetou pastagens no Sul, o mercado interno está desaquecido pela perda do poder de compra da população.
O retrato contribui para reforçar os planos de empresas que já olhavam com mais atenção para outras geografias. A Embaré, que anunciou fusão com a Betânia, e a operação brasileira da francesa Lactalis são exemplos das que estão atentas aos números globais.
Os estoques baixos e a menor oferta vem impulsionando as cotações internacionais do produto. “O horizonte de preços firmes deve durar ao longo do ano”, avaliaram Valter Galan e Maria das Graças Franchini, que assinam a análise divulgada pela consultoria.
No último dia 15, a tonelada do leite em pó foi negociada a US$ 4,6 mil (valor médio) na plataforma Global Dairy Trade (GDT). A GDT foi fundada pela Fonterra, cooperativa neozelandesa que lidera as exportações globais de lácteos, e uma vez por mês são feitas negociações via essa plataforma – para a qual os atores da cadeia olham atentamente. Há um ano, a tonelada era vendida por cerca de US$ 4 mil.
De acordo com o estudo da consultoria, que cita informações do USDA, os preços médios da tonelada do leite em pó integral foram de US$ 2,9 mil em 2020 e de US$ 3,6 mil no ano passado. A oferta global enxuta, que também afeta a cotação internacional, resulta de menor produção nas fazendas dos grandes exportadores, casos de Europa, Nova Zelândia, Estados Unidos, Argentina e Uruguai.
Aumento de custos e seca
Segundo Otávio de Farias, gerente sênior de Novos Negócios da Embaré, o clima seco e o aumento de custos de energia e insumos (grãos e fertilizantes) foram fatores que atrapalharam esses produtores. Diante do quadro, que inclui o desaquecimento do mercado interno no Brasil, a companhia passou a exportar “volumes crescentes” para a África e o Oriente Médio, diz.
Farias não informa volumes, mas conta que a expectativa traçada pela Embaré era a de chegar a março deste ano tendo registrado aumento de 100% a 200% de exportações em doze meses.
A Lactalis, por sua vez, também aproveita o momento para ampliar as exportações que faz a partir do Brasil – a operação brasileira da empresa vende ao mercado externo há três anos. “A ideia é transformar o Brasil em um hub de exportação intercompany”, conta Guilherme Portella, diretor de Comunicação Externa, Assuntos Regulatórios e Corporativos da subsidiária brasileira.
A companhia também está presente em países vizinhos que são produtores relevantes de leite, como Uruguai e Argentina. Porém, a operação brasileira tem a maior capacidade industrial, principalmente após as últimas aquisições feitas pela múlti, como a da Itambé, diz Portella.
Atualmente, a Lactalis Brasil embarca o equivalente a mais de 50 milhões de litros de leite em produtos para 17 países; o volume dos embarques cresceu 133% entre 2020 e 2021. A companhia exporta marcas globais de seu portfólio, e não apenas o leite em pó commodity. Ao todo, vende ao mercado externo 15 “famílias” de itens, entre elas Président e Parmalat.
Segundo Portella, o cenário atual impulsiona o projeto do hub. O executivo avalia, ainda, que o Brasil precisa fortalecer as exportações do segmento para ter mercado interno mais estável. Quando a base externa é sólida, o negócio ganha equilíbrio em momentos de mercado interno desafiador, conclui.
Fonte: Valor Econômico
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