China reduz exigências para comprar milho do Brasil em meio a tensões com EUA
ago, 15, 2022 Postado porGabriel MalheirosSemana2022233
A China decidiu tomar medidas para acelerar as importações de milho do Brasil, trazendo um novo fornecedor do grão em meio à guerra na Ucrânia e à escalada das tensões com os Estados Unidos.
O governo de Pequim renunciará temporariamente a uma cláusula-chave que abre caminho para que o Brasil envie milho à China nos próximos meses, disseram pessoas a par do assunto. A medida segue um acordo em maio que garante ao governo brasileiro acesso ao maior mercado mundial de grãos no longo prazo. O Brasil é o maior exportador de milho depois dos EUA.
Veja abaixo o histórico das exportações brasileiras de milho de janeiro de 2019 a junho de 2022. O gráfico abaixo foi feito com dados coletados pela equipe de business intelligence da Datamar através da plataforma DataLiner.
Exportações de milho do Brasil | Janeiro 2019 – Junho 2022 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Esse acordo, que levou anos para ser concluído devido a questões fitossanitárias, exige que o governo brasileiro forneça diretrizes a agricultores sobre a aplicação de produtos químicos e manejo das culturas antes da semeadura, como forma de garantir medidas para evitar doenças.
A China renunciará a essa condição para a temporada atual, disseram as pessoas, algumas das quais pediram para não serem identificadas. Caso a regra fosse aplicada, prejudicaria os embarques, pois teria sido imposta após o início do plantio.
Produtores e exportadores de milho foram informados da decisão da China pelo Ministério da Agricultura em reunião em 5 de agosto, segundo Sergio Mendes, diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), e Glauber Silveira, diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).
A China tem buscado diversificar as importações de milho, das quais cerca de 70% vieram dos EUA, e 30% da Ucrânia no ano passado. A medida para aumentar as compras do Brasil vem na esteira da interrupção da oferta ucraniana no mercado mundial devido à invasão da Rússia. Também ocorre em um momento de maior tensão entre China e EUA, agravada pela visita a Taiwan da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, no início deste mês.
A China já compra a maior parte da soja do Brasil, outro ingrediente usado em rações para seu enorme plantel de suínos. O país asiático tem um histórico de evitar comprar produtos agrícolas dos EUA em momentos de tensão diplomática, como durante a guerra comercial entre 2018 e 2019, além de seu objetivo de reduzir a dependência de um único fornecedor.
Suavizar o caminho
“Está bem claro que Pequim busca suavizar o caminho para o milho brasileiro para substituir o grão que normalmente compraria da Ucrânia”, disse Even Pay, analista da consultoria Trivium China, em Pequim.
“Pequim está preocupado com seu alto grau de dependência dos EUA para o milho e outras commodities agrícolas”, acrescentou Pay. “É extremamente improvável que Pequim esteja tentando suspender as importações de milho dos EUA. Também quer manter algum tipo de piso sob a relação.”
Tradings de grãos estatais da China começaram a negociar os primeiros carregamentos de milho do Brasil, disseram algumas das pessoas, que pediram para não serem identificadas. Os suprimentos provavelmente virão da safra brasileira 2021-22 e devem chegar ainda este ano, disseram.
Apesar da isenção, a China não reduziu o nível de exigência sanitária, já que o país deixou claro que carregamentos com qualquer praga classificada como intolerável pelas autoridades locais serão rejeitadas, disse Mendes, da Anec. Mas o governo chinês não está mais exigindo que medidas tenham sido adotadas antes da semeadura da safra 2021-22.
“O milho precisará estar livre de pragas de qualquer maneira”, disse Mendes por telefone. Os primeiros embarques devem ser realizados no segundo semestre deste ano, acrescentou.
“Ainda que esta safra tenha ficado longe de seu potencial por causa do clima seco, temos bastante milho para exportar”, disse Silveira por telefone. O milho brasileiro está cerca de US$ 17 a tonelada mais barato do que as cotações dos EUA, segundo dados da Commodity3.
Fonte: Bloomberg Linea
Para ler o artigo original completo, acesse: https://www.bloomberglinea.com.br/2022/08/13/china-reduz-exigencias-para-comprar-milho-do-brasil-em-meio-a-tensoes-com-eua/
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